domingo, 5 de janeiro de 2014

Retrospectiva atrasada



Parece que 25 anos se passaram entre a última retrospectiva, mas foram apenas 12 longos meses de aprendizado intenso. Afinal, o que é mesmo a vida se não seguir aprendendo com cada dia? Já aviso que o conceito está atrasado e a leitura é longa, então ajeite os óculos, fique confortável e tenha paciência com esta que vos escreve.
De 2013 levo memórias maravilhosas, mudanças de opinião, choros incontroláveis e que pareciam sem fim, madrugadas sem dormir e muitas outras coisas que escreverei aqui. Vamos tentar lembrar por partes, mas não garanto linearidade, porque é tarde da noite e eu tive essa vontade louca de escrever que não me deixou dormir.
Uma das coisas tem sido aprender a ter paciência. Meu Deus, como é di-fí-cil! A experiência toda, contada mil vezes pra vocês de como eu cheguei à Engenharia Civil Ufscar, me ensinou a ter um pouco mais de paciência e fé. O que estava separado pra mim não era de mais ninguém, apenas demorou um pouco a chegar a meu ver, mas chegou no tempo certo. Essa coisa de paciência me irrita profundamente. Nunca fui uma pessoa paciente, aprendi a lidar com isso.
Outra coisa é que a cada dia me surpreendo comigo mesma. Não sou quem eu queria ser por nem um segundo sequer. O que anda acontecendo de diferente é que estou firmando opiniões e começando a encontrar as que valem a luta. Gostando ou não, estou me transformando em alguém que não tem medo de expor suas verdades e defende-las com unhas e dentes. Acho que muita gente não gosta disso... mas eu não me importo mais. Estou farta de tentar agradar as pessoas e o pior: pessoas que eu sei que não dão a mínima para querer descobrir quem eu realmente sou e só estão esperando meu próximo erro. Ah, como eu estou cansada de gente hipócrita... e que atire a primeira pedra quem é leal ao que seus lábios dizem.
Descobri também que as pessoas conseguem viver muito bem sem mim, obrigada. Muitas pessoas das quais eu realmente prezava a amizade e a companhia simplesmente desapareceram e estão vivendo muito bem. Mas acho que é um imenso egoísmo meu pensar que alguém não poderia viver sem mim. A questão é que, de tanto tentar resolver e aconselhar problemas dos outros, acabei por querer tomar todos os problemas sob minha proteção e resolver até os que não pertenciam a mim. Achei que só eu pudesse resolvê-los. Isso é um grande erro. Nunca carregue os fardos que as pessoas não entregaram a você: é desumano, você vai sofrer e se arrepender depois. Aprenda com meu erro, evite o seu.
Minha vida emocional por enquanto continua uma perfeita bagunça. Não estou certa da porcentagem de influência que os hormônios exercem nessa área, mas estou certa de que é enorme. Existe uma coisa maligna chamada TPM que tinha me abandonado ano passado, mas voltou com força total esse ano, abalando completamente meu emocional. Você homem que me lê: eu sei que você acha que é frescura, mas também sei que você já experimentou os efeitos colaterais dessa pequena possessão hormonal. Mas, de volta ao emocional: por alguns instantes achei que tivesse me apaixonado... é, acontece. Nos instantes seguintes, percebi que Darwin estava certo a respeito da seleção natural. Não sei qual é a lógica do meu subconsciente para que as futuras gerações sobrevivam, mas é certo que quando Darwin grita ninguém pode se fazer de surdo. Também tive várias mudanças de humor repentinas. Eu acho que a engenharia deve estar me deixando meio maluca. Meio mais maluca. Mas eu não sou uma pessoa ruim. E estou aprendendo a aceitar minhas qualidades... afinal, onde mais encontrariam uma garota que curte RHCP, Johnny Cash, Coldplay e etc, surta com The Walking Dead e Game of Thrones, gosta de filme de terror e não é cheia de frescuras? E claro: que está solteira. Pra quem procura por uma que goste de metal tenho indicações (só se eu aprovar o currículo). Estou bem certa da minha identidade feminina, até por que adoro todas as frescurinhas cosméticas que existem... Às vezes acho que sou um grande Ted Mosby da vida. Mas por vezes me acho parecida demais com a Robin. Se até ela teve um final feliz, por que não eu? – se você não conhece as referências assista How I Met Your Mother e seja feliz. A questão é que, acho que a partir de 2014 começarei a mandar currículos. Ou aceita-los. Tenho algumas exigências ínfimas. Mas digo que ainda não descobriram meu valor. Sorte que eu descobri primeiro pra que nenhum idiota me fizesse sentir como se eu valesse menos do que o valor real...
Uma coisa que me irrita é gente feliz 24 horas por dia, 7 dias na semana. No Facebook, na realidade... Na moral, ninguém consegue ser feliz o tempo todo nem no The Sims, por que isso poderia acontecer na vida real? Tenho muita desconfiança com pessoas assim. Para mim elas têm um lado psicopata e eu estou falando bem sério. Sou o tipo de pessoa que você pode reclamar de qualquer coisa (e eu adoro que reclamem) por que assim sei que estou falando com alguém normal, que tem alguma perspectiva concreta a respeito da realidade. Reclamar sobre o final de semana estar acabando ou que sua vida está corrida não vale. Não sou otimista, nem pessimista. Prefiro acreditar na razão. Deus me deu um cérebro pra usá-lo, certo? E eu vou usá-lo pra desconfiar de você, que posta todos os dias o quão maravilhosa é sua vida e o quão feliz você é pra sempre. A vida não é um conto de fadas. Reclame. Fique triste. Fique bravo. Tenha alguma personalidade, pelo amor de Deus!
Outra coisa que me surpreendeu bastante foi pensar que ao deixar o cursinho eu não teria mais dúvidas na minha vida, seria uma Mulher Maravilha na Engenharia e em todo o resto para sempre. Não. Apenas não. O cálculo e a geometria analítica foram os primeiros a me fazer sair chorando por causa da escolha que fiz. Arrependimento? Nenhum. Aliás, alguns... mas nenhum em relação ao curso escolhido, todos relacionados a coisas que não fiz. Parece mesmo verdade esse enorme clichê de que você se arrepende mais de coisas que não fez do que daquelas que fez.  Não ter estudado tanto, não ter falado o que era necessário, não ter brigado para manter as minhas aparências, não ter abraçado, não ter beijado... Vários arrependimentos de não ter feito coisas e apenas dois pelas coisas que fiz: manter a educação em situações onde eu deveria ter feito escândalo e colocar tantas vírgulas onde deveria existir um nítido ponto final. Fazer o quê... não sou boa com finais. As dúvidas continuam em minha vida com força total. Qual área seguir, de qual organização e eventos participar, em que eu gastarei meu dinheiro, se continuar sozinha é vantagem ou prejuízo, se formar família é vantagem ou prejuízo, se é essa pessoa que eu quero ser... Muitas reticências pra poucos pontos finais, como sempre.
Em 2013 aprendi que é difícil – num nível muito mais avançado – conviver com pessoas. Conheci um milhão de pessoas na faculdade e isso me fez enxergar gente de outra maneira. Sempre tem alguns que você vai querer se espelhar e amar para o resto da vida, por que são tão maravilhosos que você começa a ter fé na humanidade de novo. Graças a Deus, a presença de pessoas assim foi recorrente na minha vida esse ano. Amiga de quarto, de casa, de faculdade e muita gente engraçada e bem humorada. Mas como tem gente chata nesse mundo também! Gente que só vem falar com você quando precisa de alguma coisa, gente que não te ajuda nem a segurar sua mochila no ônibus, gente que se acha super engraçada mas é mais chata que TV aberta no domingo. É claro que todo mundo tem um dia ou outro de mau humor – lembrai-vos dos hormônios! – mas é preciso guardar as pessoas boas na memória. E coloca-las na estante se possível. Pendura-las na parede do quarto pra que toda vez que a fé na humanidade se abale você se lembre de que existe gente boa no mundo. E que as pessoas mudam quando querem mudar e isso é uma boa coisa. Recuso-me a condição de viver achando só os defeitos das pessoas. Recuso-me a perder a fé na humanidade. Enquanto existirem corações de carne batendo existirá esperança, embora ela seja abalada constantemente.
Em 2013 a parte cultural e imaginativa da minha vida foi extremamente privada pela engenharia. Isso não quer dizer que eu não tenha participado de eventos legais nem que não tenha lido. Mas acho que não li nenhum livro esse ano. Sim, isso é uma vergonha. E não cumpri minha promessa de assistir todos os filmes de Star Wars. Mas é preciso ressaltar que houve muito Guidorizi, Sociologia, Hallidays e Geometria Analítica para Todos (uma grande mentira, já que usei esse livro por dois semestres e o odeio com todas as forças) pelo caminho...  Acho que vai ser muito difícil e vai demorar um pouco para que eu concilie faculdade e lazer.  No entanto, minha imaginação foi longe nas épocas de provas, trabalhos e estresse. É engraçado como tempos difíceis fazem surgir em mim uma pessoa maluca cheia de imaginação e muito chata. Mas acho que os outros se acostumam com esse meu jeito de fazer piada com situações ruins. Outra coisa que despertou minha imaginação foi o modo como alguns docentes dão suas aulas e o modo com que eu secretamente desejei mata-los. Sério. Não que eu fuja de trabalhos e tudo mais, mas os professores precisam ser avisados que fazemos de 8 a 12 matérias em um semestre e que precisamos dividir o tempo entre elas. DIVIDIR. Acho que isso é algo que não cabe na mente de vários deles...
Por falar em professores e etc, esse ano comecei a fazer várias coisas que eu não fazia na vida e que, pra ser sincera, não me orgulho. Como, por exemplo, beber 500 ml de Coca Cola de uma só vez pra tentar ficar mais acordada (claro que não adiantou). O vício do café parou por pura preguiça e por causa da azia maldita que a porcaria do café solúvel – pior invenção de todos os tempos – me causou. Comecei a assistir mais tv aberta e sinceramente... não. Altos papos com a Ju sobre os absurdos da novela que a gente continuava a assistir por que né, chega de estudar. Confesso que em casa não ando assistindo... desisti. Ah, o ônibus! Grandes aventuras do dia a dia pra pegar ônibus... sair correndo, entrar no ônibus errado, sair de um e entrar no outro com 15 segundos de intervalo... As coisas que eu comi esse ano, no Restaurante Universitário e em casa não são muito agradáveis de lembrar, não tenho muito do que reclamar, mas vida de universitário é sofrida. Muito sofrida. Nem no cursinho conseguia estudar 5 horas com duas pausas de 15 minutos, no máximo. Não estudava tanto, não tinha tanto sono, não queria matar professores... é uma vida muito bela e cheia de hábitos estranhos essa vida de universitária...
Aquela mania de Monica Geller ficou pior por morar em duas cidades. Nunca sabia o que trazer e o que levar nas viagens de fim de semana. Com o tempo fui ficando mais confortável com tudo isso e já estou começando a achar que a vida será muito triste quando a faculdade terminar. São tantas desgraças, tantas risadas e situações divertidas que eu vou sentir muito a falta de tudo isso. Agora já posso planejar direito o que quero sem ficar me preocupando em estar longe da família e dos amigos de antes da faculdade, por que sei que eles me amam e estarão sempre comigo e também sei que eles estão muito felizes pelo fato de que eu esteja realizando um sonho muito antigo. É claro que é difícil, quem disse que seria fácil? Mas essa é a vida... e eu espero muito mais de 2014. Muito mais. Grandes coisas novas estão por vir e eu não tenho mais medo de mudanças – de mente, de coração e de opinião.
Estou com os braços abertos para receber esse novo ano, para continuar minha pequena filosofia de vida baseada no Renovatio nosso de cada dia e procurar a felicidade nas coisas mais improváveis... é ali que ela se encontra às vezes. E é claro, quando faltarem opções de como reagir é sempre bom seguir o conselho daqueles pinguins de Madagascar: sorria e acene, 2014 está começando.

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