quinta-feira, 6 de março de 2014

Sobre todas as coisas que deixei para trás

Deixei pra trás uma ansiedade louca de crescer,
e, se fosse possível, queria apenas voltar à simplicidade de ser criança.

Deixei pra trás uma menina que não gostava de seu reflexo no espelho, 
que se enxergava cheia de defeitos, 
que tinha vergonha de ser e que demorou pra descobrir 
que beleza não tem padrão nem receita: vem de dentro pra fora.

Deixei pra trás uma confiança cega em todas as pessoas por conta das decepções. 
Lealdade é algo raro.

Deixei pra trás muitas pessoas que eu não gostaria de que tivessem ficado no passado, 
mas os anos se foram, 
a chuva caiu, 
invernos passaram e pessoas mudaram.
Desapareceram.
Viraram névoa na minha memória.

Deixei pra trás uma ira sem motivo,
um nervoso insistente que me perseguia.
Nesse lugar entrou uma paz tão grande,
na Noite da Grande Paz, da Grande Paz dos Teus Olhos.

Deixei pra trás o hábito de criticar tão severamente,
afinal, quem sou eu para apontar defeitos que vejo mais em mim?
Quem sou para julgar as experiências de vida de cada um?
Quem sou eu pra saber o que se passa em cada coração que bate do meu lado?

Deixei pra trás um vazio no coração, que tinha o tamanho exato de Deus.
Entendi que ter fé era algo meu,
que a fé não ficaria no passado,
que antes da eternidade meu nome estava lá,
que minha missão já tinha sido dada
e a única coisa que pude fazer foi tentar cumpri-la.

Deixei pra trás aquele velho medo de amar,
por que pra mim o amor é algo que nasce sem pedir,
floresce de um não-sei-quê e continua indefinidamente.

Deixei pra trás também a paixão de adolescente que achava que tudo seriam flores,
que via no mundo somente as rosas e se esquecia dos espinhos.

Tentei deixar todos os clichês no passado,
mas eles me perseguiram e inundaram esse texto meia-boca escrito à meia-noite.

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