sexta-feira, 14 de abril de 2017

Ele me deu 13 razões pra acreditar

A primeira razão apareceu quando ele se voluntariou para um plano, o que já existia antes que qualquer outra coisa existisse e que trouxe esperança à humanidade, mas especialmente ao meu coração.

A segunda razão foi pela atenção que teve comigo. Sempre, inevitavelmente, TODAS as vezes que clamei por socorro era o abraço dele que eu sentia. Todas as vezes em que o mundo todo estava cansado de me escutar eram seus os ouvidos que estavam atentos às minhas palavras.

A terceira razão foi por ele ser sempre tão inusitado. Eu nunca poderia prever seu comportamento em situações polêmicas. Ele virou a mesa quando percebeu que a ganância de alguns homens era maior que sua fé. Ele acolheu gente esquecida pelos outros. Ele gostava de gente esquisita e me ensinou a gostar deles também. Ele alimentou uma multidão com um pouquinho de comida que um menino tinha entregado, mas principalmente alimentou o coração de uma multidão que estava esfomeada há décadas...

A quarta razão foi por ele reconhecer minhas necessidades antes mesmo que eu pedisse. Era como se ele enxergasse no meu silêncio a extrema urgência que tinha de me sentir amada novamente.

A quinta razão foi a forma como ele me enxergava. Ele sabia de todos os meus erros e de cada detalhe ruim sobre mim. Ele sentia cada um dos meus sentimentos maus, ele sabia que eu queria vingança, que invejava, que era grosseira pelo simples prazer de ser. Mas pra mim era impossível contemplar suas atitudes sem reconhecer que algum tipo de luz inacreditável brilhava sobre ele. E de alguma forma ele fez com que brilhasse sobre mim também, me enxergando de maneira diferente do resto do mundo.

A sexta razão foi por ter dado sabor à minha vida. Suas palavras eram como o sal: através daqueles ensinamentos tudo o que vivia tinha um gosto diferente. Era possível suportar amargas discussões sabendo que poderia senti-las de outra maneira.

A sétima razão foi por se fazer amigo. Sua presença não demandava ganhos, não exigia recompensas. Ele simplesmente estava ali. Era seu prazer sentar-se do meu lado e ouvir minhas histórias mesmo que já soubesse de todas elas nos mínimos detalhes. Era sua alegria acompanhar meu crescimento pessoal e eram suas as lágrimas quando eu me machucava. Ele não estava alheio ao meu sofrimento. Ele estava do meu lado o tempo todo.

A oitava razão foi quando entendi a morte dele numa cruz. Ainda escuto sua respiração ofegante enquanto ele se lembrava de mim. Ainda posso sentir seus ombros cansados e sobrecarregados, seus pulmões se dilacerando em meio aquela agonia. Ele carregou aquela cruz pra mim, quando eu ainda não o conhecia. Ele carregou aquela cruz por mim por que sabia que eu não a suportaria. Ele a carregou quando eu ainda zombava do seu sofrimento. Quando eu era uma de suas razões para morrer.

A nona razão estava em seu sangue. Era através dele que minha certidão de nascimento fora modificada. Antes dele eu era apenas mais um número em registros amarelados de um cartório qualquer. Depois do sangue tornei-me cidadã de outro lugar... Um lugar em que não me sinto estrangeira. A pátria que sempre sonhei.

A décima razão foi a própria razão, que ele mesmo me ensinou. Não atribui tantas razões apenas por me sentir de um jeito ou de outro: as encontrei por serem lógicas para mim. Por serem exatas. Por serem profundas. Por trazerem um sentido jamais antes alcançado, não por me fazerem chorar em meio a multidões e espetáculos montados. A décima razão era a própria razão que falava comigo enquanto eu cantava sozinha. Enquanto eu não sabia me expressar com palavras. Enquanto tudo o que restava era um aperto inconsolável no meu coração e uma agonia profunda. Enquanto eu andava pelas ruas e percebia o quão distante eu estava do meu verdadeiro lar e por que eu nunca me sentiria completa fora dele. Eram em todos esses momentos que a própria razão ecoa a dentro de mim como um sino, piscava ao longe como um farol alertando à marinheira que havia rochedos pelo caminho e era necessário ajustar a rota.

A décima primeira razão veio quando ele me mostrou o que eu poderia fazer. Não sozinha, mas debaixo de sua orientação. Ele me mostrou que poderia usar as palavras pra curar corações partidos. Mostrou-me que era o seu reflexo quando eu entendia a dor alheia e a amenizava. Essa razão sempre me deixou atribuir a ele esses momentos e agradece-lo por me ajudar a ser mais parecida com ele.

A décima segunda razão era simples. Eu voltei a acreditar por que ele acreditou em mim primeiro. Ele me viu quando eu era invisível.

A última razão, a razão derradeira de me fazer acreditar, foi também a primeira. Em seu plano de me trazer de volta ao lar ele me amou. Antes de tudo, antes que eu soubesse o que era amar, antes que eu viesse me transformar em quem sou hoje. Seu plano era me amar. Seu plano era certificar-se que eu estaria junto dele além do tempo, além das angústias, além de qualquer dor e rancor que houvessem nessa existência. A derradeira razão era o Amor. O maior deles. Pago com cruz, com morte, sofrimento e sangue. Quitado. Justificado.

Querida Hannah, queria que você tivesse experimentado um pouco desse amor. Queria ter sido o reflexo desse amor em sua vida. De maneira constante, presente e intensa, como ele tem sido pra mim. Hoje foi um dia triste, Hannah... Lembrei-me do sofrimento dele e do seu. Lembrei-me do sofrimento de tantos outros como você, mas especialmente dos insultos que ele suportou e que de alguma forma se identificavam com os seus. Com os meus. Ele sabe. Ele te acompanha ainda que você não perceba a companhia dele. Deixe-me te dizer uma coisa Hannah... Você é importante e amada por ele. Nenhum sofrimento é impossível de cura através do seu amor. Por isso te conto minhas 13 razões, Hannah. Por que amanhã é dia de celebrar a vitória da morte e entender que ele não é apenas uma historinha, mas uma esperança avassaladora pra quem entende e vive cada uma dessas razões.

Nenhum comentário:

Postar um comentário