sexta-feira, 15 de julho de 2011

Criando polêmica

Hoje estreia o último filme de Harry Potter, e ontem assistindo o primeiro eu lembrei que na época o questionamento era sobre o filme fazer apologia à feitiçaria às crianças ou influenciá-las de um jeito ruim para a formação do caráter delas. Minha opinião sempre foi de que isso era pura besteira.

Eu percebi que, se você assiste o primeiro filme vai notar claramente a diferença entre as crianças da época e as de hoje. Passaram-se 10 anos, e não por Harry Potter construiu-se o caráter das crianças daquela geração, mas, se pode ver claramente que as gerações são completamente diferentes uma da outra. Eu era da geração de crianças que assistiu Harry Potter pelos 10/11 anos. Tinha 09 anos quando o primeiro filme foi lançado e 10 quando assisti, um ano a menos que a idade dos protagonistas no filme. Achei o filme fantástico e não me senti influenciada a praticar feitiçaria ou a buscar praticar o mal, até por que, o mal não prevalecia no filme; o mal estava enfraquecido, quase tinha sido vencido mas ainda existia. E é claro que nenhuma criança de 10 anos (na época da MINHA infância) pensaria que o mal poderia vencer. Posso dizer que não me influenciou de maneira negativa. 

Fundamentalistas e descendentes da Era Medieval podem ver o filme como invenção do demônio, má influência, uma maneira de ensinar magia para as crianças e blablabla. Já ouvi de tudo nessa vida... Na Era Medieval, queimavam-se pessoas por acreditar que fossem bruxas, por serem canhotas, por pensarem, talvez. Hoje, o que fazemos é demonizar toda e qualquer cultura que não esteja inserida nas quatro santas e incorrupitíveis paredes da Igreja. 

O que eu quero perguntar em relação ao filme é: qual a diferença entre um filme que mostra crianças em uma escola e retrata do dia a dia delas, do meio em que estão inseridas, mas misturando fantasia; de um filme com um ogro verde que é mal-educado e aprende a ser sociável? Entendam bem: os dois filmes são fantasiosos e contribuem no aprendizado das crianças. Não sou psicóloga ou algo do gênero, mas já fui criança. Meu caráter já foi construído. O que resta perguntar é se vale a pena privar valores mostrados em filmes como esse e criar crianças alienadas, que não tenham interesse em pensar no que está por trás das cenas, em pensar nos diálogos do filme e na intenção do que é mostrado.

Então me vem a pergunta que realmente importa: o que as crianças de hoje estão fazendo aos 10-11 anos? Quais são as coisas que ocupam a cabeça das crianças? Quando eu tinha 10 anos minha preocupação era andar de bicicleta, desenhar e fazer a lição de casa. A geração de hoje está preocupada com suas aulas extracurriculares, com a cobrança dos pais, com a falta de tempo para brincar com outras crianças, com o próximo lançamento no mundo dos videogames. São crianças alienadas, sem tempo para brincar, com as mesmas preocupações dos adultos e muito menos experiência para lidar com elas. Aos 10-11 anos vivem 5-6 horas por dia no mundo virtual, com pouquissíma experiência social, não sabendo portanto, cultivar relacionamentos. Aos 12-13 anos namoram sem propósito. Qual o propósito de namorar aos 12 anos de idade? Bom, se a pretenção é casar com 18... pode ser que dê resultado.

Concluindo as ideias, criar uma geração de crianças alienadas, preocupadas, depressivas parece normal. O que parecia coisa de outro mundo era um filme que mostrava crianças mantendo relacionamentos saudáveis, lidando com seus pequenos problemas (que pareciam gigantes diante de suas fragilidades) e misturando um universo de fantasia, próprio da imaginação infantil.

Um comentário:

  1. quando eu era criança e maníaca por HP eu tinha essa foto guardada no pc! hehe
    e adorei a relação que voce fez com o Shrek. é bem isso mesmo.

    beeijo cat :*

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