sábado, 20 de abril de 2013

Quantas lágrimas ainda cabem nos seus olhos?

Chorei.
Não sei quantas lágrimas ainda cabem nos meus olhos.

Chorei pelo plano frustrado, pelo tempo perdido e pela falta de planejamento. Chorei pela atitude desesperada de gente que não sabia mais lidar com tamanho peso nos ombros. Desabei tudo o que me pesava sobre outras pessoas que já tinham fardos suficientes.

Chorei pela morte, pelo que tirou de mim e pela paz que deixou, pela sua sedução constante nessa minha personalidade melancólica e solitária. Não quero ir ao seu encontro, mas às vezes ela me chama pra dançar nos contos do Poe, nas músicas nostálgicas de antigamente e no próprio lamento que provoca.

Chorei pela falta de conduta, por causa de atitudes de gente mesquinha, que não tinha nada se não a arrogância. Pelos que perdem a cabeça quando ganham poder, pelos que estão cegos buscando acima de tudo ajuntar pedaços de papel em contas bancárias que serão insignificantes daqui a 100 anos.

Chorei pela falta de auto estima, mas isso foi há tempos, ainda era uma menina... hoje as lágrimas não merecem mais esse motivo. Cresci e chorei pela falta de beleza na alma de quem me cercava.

Chorei pela minha ausência que você não sentiu e, se sentiu, fez questão de disfarçar. Chorei pelo cansaço de correr atrás de tudo e de todos, por começar conversas desanimadas com gente que não estava disposta a receber meu amor.

Chorei pela sua ausência no meu dia, por não ser surpreendida. Chorei por que as coisas me pareciam tão difíceis, tão impossíveis a cada dia que eu tinha medo de desabar.

Chorei pela criança que passou do meu lado sem esperança e mais lágrimas vieram por que nada fiz. Chorei pelo homem que viveu seu dia sem pensar no que está fazendo e pela moça que passou pelas ruas se esquivando, evitando ser vista. Chorei por que milhares, milhões sofrem muito mais do que imagino e continuo aqui, sem fazer absolutamente nada a respeito. Por que corações como o meu batem sem nenhuma razão especial, por que olhos como os meus não enxergam um futuro promissor e a falta de oportunidades está em todos os lugares. Chorei por esse mundo que deveria ser desfeito, queimado, destruído e esquecido por que já foi absolutamente contaminado pela ganância do homem.

Chorei pela criança que perdeu a infância trabalhando, sem nenhuma brincadeira, nenhum lar. Chorei pelos adolescentes sem personalidade, levados pelos ventos de modismos sem se preocupar com as consequências do que fazem. Chorei pelo jovem que nada espera do futuro. Chorei ainda pelo adulto que trabalha exaustivamente durante a semana sem se lembrar de sua família, de seus ideais e de sua alma. Chorei pelo idoso que não teve amparo, que foi abandonado como se a sua sabedoria de vida não lhe valesse nada e como se as coisas que viveu não tivessem construído história.

Através do encontro de novas forças ainda existe sensibilidade em mim. Não sei quantas lágrimas ainda cabem nos meus olhos, mas as chorarei.Todos os dias e noites, até se esgotarem no lugar onde elas simplesmente não existirão.

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