quinta-feira, 4 de abril de 2013

Permita-me sofrer

Um dia desses eu paro de ser nostálgica. Juro que paro de lembrar das coisas que passaram. Pararei de idealizar coisas para o futuro. Um dia eu aprendo a ser normal... ou aprendo a ser mais louca.
Sendo mulher, ser emocional, aprendi que disciplina também se aplica aos sentimentos. Sofrer por algo que não tem volta é puro sentimentalismo. Quase que masoquismo.
Mas quem é que nunca se permitiu sofrer? Quem nunca ficou remoendo um velho sentimento, aquela ofensa ou aquele perdão dado mas que não foi esquecido?
Que atire a primeira pedra quem nunca teve seu período de luto sentimental. De desilusão com a vida. De expectativa frustrada. Atire!
Qual a mulher que nunca se martirizou, ao menos um pouquinho, pela sua aparência? Qual o homem que nunca se martirizou, ao menos um pouquinho, pela falta de atitude ou o excesso dela? Quem é livre pra dizer que não possui ao menos um grande arrependimento na vida?
A moda é ser feliz e obrigar todo mundo a saber. A moda é prosperar, seja por teologias, seja por lavagem de dinheiro, seja por qualquer outro tipo de maracutaia envolvendo poder. Felicidade é consumir, é poder comprar ainda que essa compra endivide o sujeito até o pescoço. Estranhamente compartilhar se tornou um fardo e dialogar virou perda de tempo.
Precisa-se, neste mundo de grandes sorrisos amarelos, que o sofrimento seja permitido. Que seja degustado de maneira saudável, por que de um modo estranho, sofrer nos move. Faz com que exista a fé de que algo será diferente. Faz com que a luz no fim do túnel seja vista.
Permita-me sofrer um pouquinho. Em breve te encontro onde não vai ter choro, nem sofrimento, nem culpa, nem arrependimentos. Onde não há dores. Onde o aperto no peito não existirá. Onde não será permitido sofrer... então, deixe-me aproveitar os minutos que restam. Hoje durmo chorando, sofrendo. Amanhã acordo com a alegria que o dia vai trazer.

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