quarta-feira, 16 de abril de 2014

Turbilhão

Na minha cabeça existem um milhão de coisas,
no meu ouvido uma voz sussurra palavras que não compreendo,
existe uma imensa esperança de que tudo seja diferente,
de que o mundo será belo como quando eu o via pelas lentes da infância,
de que terei mais uma chance pra deixar de ser egoísta,
de que mudar o que odeio em mim será uma tarefa fácil.

Na minha cabeça existe um turbilhão.
Integrais, cossecantes, gradientes, juros compostos, direitos da personalidade, 
família, preocupação, provas, dinheiro contadinho, faxina, roupa pra lavar,
ônibus, passagens, rodovias, caminhões, doentes, impunidade,
política mal resolvida, avião que sumiu do nada, outras galáxias e dimensões,
saudades, amor, sentimentos e aquela música,
aquela velha música que insiste em sair da minha boca só pra entrar nos ouvidos novamente.

Existe também aquele desejo enorme e impressionante de me encontrar com quem criou tudo isso.
Embora minha cabeça seja cheia de ideias e tenha uma capacidade extraordinária,
jamais seria capaz de criar galáxias, estrelas e o Universo.
Apesar de ter a vida, não tenho o poder de fazer um ser respirar pela primeira vez ou voltar a respirar indefinidamente:
eu sou projeto Daquele que não foi criado
e o desejo de encontrá-lo no infinito de sua criação é maior que todo o resto.

Tudo isso ainda não faz de mim quem sou,
tudo isso me incomoda.
Será mesmo que sou desse tamanho?
Será que algum dia desses esse turbilhão me engole e me leva daqui?

Sinto tanto cansaço. 
Físico, intelectual, sentimental e espiritual...
A caminhada parece tão longa e tão difícil, será que encontrarei o que tanto busquei?
A estrada parece tão tortuosa e cheia de renúncias
que não posso deixar de me perguntar de quais delas me arrependerei.

Não sei o que esperar do amanhã, nem me lembro mais do que passou ontem.
Hoje esse turbilhão invadiu minha mente e me deixou pensando demais,
tanto, que os pensamentos viraram texto e as palavras se imortalizaram aqui.

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