terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Sobre aparência, vaidades e máscaras

Como ser do sexo feminino seria uma heresia dizer que não ligo pra aparência. Somos seres humanos, a beleza nos atrai por instinto, como acontece com os outros animais. Em janeiro do ano passado escrevi sobre espelhos e lentes de aumento, que discutia um pouco das questões de padrões de beleza e como eu acho tudo isso uma grande idiotice. Hoje quero seguir por outra linha de pensamento: o fantástico mundo das aparências.

As redes sociais estão aí pra provar que viver de aparências é sim um estilo de vida! Estou conectada em várias delas (mais até do que realmente gostaria - mas esse é um hábito que vou tentando mudar) e posso ver claramente quem tem olhos e smartphones para ver, veja! que a ostentação corre solta pelas internets da vida. Não sou ingênua nem hipócrita o suficiente para não me incluir nesse balaio. 

Acho sim que experiências de vida devem ser documentadas, fotografadas e essa é a parte fantástica das redes sociais na minha opinião. Você pode viajar para vários cantos do planeta através de pessoas queridas, ser lembrado por elas, compartilhar conquistas e em frações de segundo as mesmas pessoas estarão se alegrando com e por você. Por outro lado, é extremamente constrangedor conhecer uma pessoa que aparenta uma coisa na vida online e é outra completamente diferente na vida real. Ainda não cabe em minha cabeça o propósito de aparentar uma coisa em seus perfis e ser outra estranhamente diferente ao vivo. E eu nem estou falando de photoshop! Uns tempos atrás fiquei extremamente satisfeita quando me disseram que sou a mesma, dentro e fora do WiFi. Tento ser, sempre e em qualquer ocasião, a mesma Bruna. É tão difícil e complicado ficar criando máscaras para enganar os outros, por que sempre as pessoas escolhem o caminho mais difícil?

Por esses dias andei me estressando com as vaidades que eu costumo acompanhar pela internet. Os canais de beleza do YouTube, os perfis do Instagram... A ostentação é tamanha que comecei a me questionar a razão de estar conectada a desconhecidos e monitorar cada viagem ou aquisição. Era um tipo de Big Brother disfarçado. Fiquei tão irritada com aquele monte de postagens que excluí quase todos, deixando apenas os favoritos. Não se engane: eu adoro todas as coisas do universo feminino, desde maquiagem até particularidades biológicas. A questão é que eu não aguentava mais a mesmice de coisas publicadas, o tempo perdido vendo vídeos desnecessários e o assombroso ibope das talifãs das blogueiras de muóda deste Brasil. Como profissionais de publicidade, acho que falta muita ética e muita criatividade. Como consumidores de publicidade, acho que falta muito discernimento e informação. Segurem seus hormônios! Sigo sendo mulherzinha desconfiando de quase tudo que leio nesse mundo online sem lei. A vaidade... ah, a vaidade um dia acaba. As experiências de vida reverberam durante muito tempo.

Desde muito pequena tinha bem claro em minha cabeça que não dá certo aparentar quem você não é. Um dia a máscara vai cair, ainda que demore. E é tão feio olhar o rosto por baixo da máscara quando toda a referência que se tinha está no chão...

Como qualquer adolescente considerei mudar muitas coisas em meu corpo, a começar pelo nariz, mas logo depois me libertei de todas as inquietações referentes à aparência e foi por conta própria. Aprendi a admirar as qualidades, minhas e dos outros, e a não desejar para mim tudo que acho bonito nos outros. Muitos acham que eu sou uma pessoa calma mas é por que não me viram em semana de provas da faculdade nem diante de um dispositivo eletrônico que resolveu não funcionar. Ou na TPM. Ai essa TPM... Não sou e nunca serei perfeita e seguirei dizendo isso pra qualquer um que me elogiar. Aprendi a curtir maquiagem, a gostar de me "fantasiar" com ela e tenho tentado com todas as forças matar a consumista que vive dentro de mim. Mas quando tudo vai pro ralo, gosto mais ainda do que o espelho reflete por saber que o ser que vejo ali não é só a imagem que está refletida. Tenho aprendido cada dia a amar pessoas verdadeiras, sem disfarce, sem máscara e que assumem cada uma de suas imperfeições. Pessoas que não tem medo da mudança e a encaram de braços abertos. E então, através dos valores começo a achar beleza. É lógico que o belo por natureza me atrai, mas prefiro amar o belo que enxergo com o passar do tempo.

Um comentário:

  1. Gosto desse texto e da forma simples que trata um assunto tao complexo. Obrigada <3

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