segunda-feira, 1 de agosto de 2016

É melhor ser alegre que ser triste

Eu sei, eu sei, muitas das circunstâncias da vida não são nada fáceis. Muitas vezes não são felizes, machucam, doem, rasgam a alma e fazem a gente se sentir completamente vazio. Eu sei, as constantes lutas fazem nosso coração baquear diante de novas dificuldades. Eu sei, sei que pode ser cansativo viver dia após dia.

Estava aqui me perguntando durante alguns dias trevosos da minha existência se existe alguma vantagem em fechar o coração e a mente diante de dificuldades. Fazer-se amargurado, infligir-se sofrimento, saborear repetidamente a dor. Encontrei uma resposta: depende. São tempos como esses em que somos moldados, torcidos e quebrados para poder haver reconstrução. É extremamente necessário que o sofrimento te modifique. É extremamente necessário que você não se torne amargurado para sempre. Depende de como toda essa reforma vai acontecer.

Cheguei à conclusão que, apesar da reconstrução ser necessária, é melhor ser alegre que ser triste. Vinicius sabia que pra fazer um samba com beleza é preciso de um bocado de tristeza... Digo mais: é preciso de um bocado de tristeza pra fazer um coração agradecido. Parafraseando o velho clichê de que "só se valoriza o que se perde", diria que valorizamos muito mais o que temos quando contemplamos a beleza das dádivas que nos são dadas diariamente, principalmente quando somos privados delas. Salomão dizia que com a tristeza do rosto se faz melhor o coração e eu acho que, apesar de todo o descontentamento de Eclesiastes, era exatamente isso que ele queria dizer. No fim das contas é tudo uma questão de aprender a dançar durante as tempestades e não apenas quando elas tiverem fim.

Tudo depende da atitude que se tem diante das dificuldades. Eu escolhi servir de coração aberto, deixar o Amor tomar conta de cada pedacinho de mim, tornar momentos difíceis em passos necessários para que me esvazie cada vez mais de mim. Depois de muitos anos, compreendi que o Amor não procede de mim, veio primeiro, antes que o nada existisse. Compreendi que sou extremamente limitada, tenho um coração incrivelmente corrupto e que todas as culpas cabíveis pesavam sobre mim. Compreendi quem sou para que eu me tornasse nada com o propósito de que Cristo fosse visto. Andar sob a proteção da graça me fez feliz. Eternamente agradecida, insistentemente modificada, inevitavelmente quebrada e em qualquer circunstância verdadeiramente feliz.

É melhor ser alegre que ser triste e ter o coração amargurado. É melhor ser como criança, que busca colo com sinceridade no coração: por vezes em prantos e nas mais deliciosas vezes com sorrisos tão sinceros que fazem corações derreterem. Alegria não é um sentimento, é uma experiência que nos é oferecida. Um presente aos seus filhos, dado por um Pai amoroso. Dou glórias a Ele somente, por tudo o que tens feito e por tudo o vais fazer, por ter levado minhas culpas e permitido que a suficiência da minha felicidade seja estar em Sua presença.

Eu sei, eu sei que parecem palavras desconexas em sua maioria, mas essa alegria não faz muito sentido ao ser descrita. Ela é perfeitamente experimentada. Assim como não faz sentido que eu lhe descreva qual é o sabor de um chocolate ou um sushi sem que você tenha provado algum deles antes, este relato também não o fará. Essa alegria é a maior caída de ficha velha que você poderá ter na vida, a maior paz que inundará você.

Lembre-se sempre: é melhor ser alegre que ser triste, a alegria é a melhor coisa que existe, é assim como a luz no coração. Vinicius de Moraes que me perdoe, mas sei que a luz dele é passageira. A que mora em mim nunca vai se apagar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário