sábado, 1 de outubro de 2016

Sobre o fim do amor

Se teve um acontecimento em 2016 que eu vi, vivi e revivi, infelizmente, esse acontecimento foi o final de relacionamentos. Quebras abruptas de rotina de muita gente, incluindo os famosos que terminaram seus casamentos considerados tão estáveis por nós, reles mortais. Foi tanta dificuldade, tanto choro, tanta sofrência, tantas críticas que confesso que muito mudou dentro de mim. Mais uma vez venho aqui trazer um assunto com certo descontentamento, que me fez pensar por tanto tempo, que me mudou em níveis que eu jamais imaginava.

Primeiramente quero dizer que, apesar de todas as coisas malucas que estudo na faculdade, é infinitamente mais complicado rotular um relacionamento se você não é o protagonista dele. Só você mesmo tem propriedade suficiente para analisar, rotular e explicar seu relacionamento para outras pessoas. É por isso que, em nossa mente fantasiosa, o fim do casamento das celebridades é o fim do amor. Aquele amor maquiado, escrito nas estrelas, dos contos de fadas. Isso acontece por um motivo: nossos espelhos estão muito distantes da realidade. Por que queremos compartilhar de uma intimidade que não nos está disponível? Por que ela parece mais glamourosa? Por que parece mais feliz? Sinto te dizer, mas aquela história da grama do vizinho ser mais verde talvez seja por que ela é de mentira.

Continuando o raciocínio, se você ainda não me conhece, não sabe que sou meio cética em relação ao assunto. Eu não acredito em alma gêmea, não acredito em metade de laranja e muito menos em tampa de panela. Pra mim, relacionamento bom é relacionamento onde teve trabalho investido. Mesmo que você tenha encontrado o amor da sua vida numa situação inusitada, ele não será o amor da sua vida se nada evoluir. Sem conversa, sem jogo de cintura, sem esforço ninguém chega a lugar nenhum. Acredito sinceramente, do fundo do meu coração, que não é todo mundo que está pronto pra encarar essa barra. Não é todo mundo que tem maturidade suficiente para dar seu suor e suas lágrimas na construção dos pilares de um relacionamento estável ou investir do precioso tempo para transformar os acabamentos dessa obra (caríssimos acabamentos!) em realidade. 

Depois de muito pensar e pesar sobre todos os finais iminentes que cruzaram meu caminho em 2016, continuo cética. Felizmente, cética sobre o fim do amor. Ainda que eu veja a mídia mostrando casamentos terminados a todo momento, não acredito que o casamento é uma instituição fracassada. O amor não acabou. Tenho a certeza de que ainda existem muitos casais prontos a defenderem com unhas e dentes que relacionamento a dois dá certo pra sempre sim, senhor. Tenho certeza que amores instantâneos só seguiram em frente depois de muito trabalho, compreensão e carinho.  Tenho certeza que existe um segredo muito maior que as duas próprias pessoas de um relacionamento, um amor que suporta tudo e é, de fato, eterno.

Apesar de todos os apesares, me atrevo a acreditar que essa realidade talvez seja sim pra mim, mas nunca mais pularei antes da construção da ponte. Aprendi que a solteirice é uma dádiva, que sou uma companhia muito esquisita mas agradável pra mim mesma. Aprendi que se eu mesma não me amar, o único amor certo das ideias que vem em minha direção é o de Deus. Por mais que todos nós sejamos acostumados a procurar insanamente alguém que nos ame de alguma maneira e que supra todas as nossas necessidades, não é bem em alguém como nós que encontraremos o que estamos procurando. Por mais insuportável que a solidão pareça ser em muitas situações, é certo que o amor está logo ali. Na segunda feira insuportável que você sente a necessidade de compartilhar com alguém, no sorriso frouxo que te escapa de vez em quando, no bom dia do porteiro, no abraço que você pede, no beijo que você rouba e no pôr do sol que você tem a audácia de admirar. Não, o amor não acabou; você só esqueceu que existem várias pontes antes do abismo.

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