sexta-feira, 14 de julho de 2017

Sobre mudanças (e por que minhas lágrimas não caem)

Essa sim é uma postagem jeito blog de ser, contando sobre experiências e expectativas, prevendo futuros e chorando passado. Eu tenho mais 3 trabalhos pra fazer, mas eles que me perdoem: o final do semestre pode esperar e eu estou exausta.

Faz 5 anos que saí pela porta de casa com todo o conforto e comodidades de ter alguém sempre fazendo tudo por mim. Faz 5 anos que vivo uma vida maluca de conhecer gente, de se apaixonar e desapaixonar, de consolar e receber colo de quem menos se espera, de crescer como pessoa e aprender a resolver minhas próprias tretas. Faz 5 anos que aprendi a reparar em detalhes (talvez isso já faça quase 25, mas andei me aprimorando ultimamente), a encontrar refúgio quando os trovões estrondam do lado de fora, a rir descontroladamente quando não posso controlar as coisas e a me divertir mesmo quando tudo parece caos. Faz 5 longos anos que sou engolida por compromissos com a graduação, em busca de um dos sonhos de criança, em busca de algo que não sei explicar ao certo, mas que me chama todas as manhãs pra dançar, tentando me dar esperança na caminhada e forças pra cumprir propósitos.

Sempre me recusei a viver por mim mesma. Sempre recusei aquilo que todos buscam. Poucos me entendem, eu mesma me questiono muitas vezes. Minha vida ainda segue um rumo nublado, com dois caminhos distintos a seguir, mas sigo de braços abertos e lutando para cada um deles. Confesso que o primeiro é uma jornada solitária e difícil, mas todas as vezes que embarquei em viagens assim inesperadamente encontrei tanta gente... Quem sabe do futuro, não é mesmo?

Essa jornada de aprendizado só serviu pra abrir meus olhos de diversas maneiras, pra conhecer pessoas completamente diferentes que vivem os mesmos dramas, pra conhecer pessoas extremamente parecidas que vivem dramas diferentes. Ai gente, a vida é um negócio tão doido né? Tanta gente cruza o nosso caminho e vai deixando marcas, vai modificando, ensinando, amando. É uma correria louca que seria insuportável não fossem as pessoas que conheci.

Por amar ouvir e compartilhar histórias, agora me encontro aqui, com um vazio bem grande no peito esperando pela mudança que não chega. Aliás, que chega rápida e sorrateira, não me deixando perceber o quão drástica ela será. Minha racionalidade não me permite chorar: foram tantos anos de drama adolescente, de sofrimento enclausurado e lágrimas incessantes que agora, quase com um quarto de século na vida, minhas lágrimas não caem mais.

Depois de muito tempo entendendo que sentimentos fazem a vida um pouco mais complicada acabei me tornando muito mais racional. E prática. Muito raramente minha razão solta as rédeas. Eu sabia que essa mudança chegaria, sabia que os ecos do apartamento vazio fariam com que meu peito apertasse, e, contraditoriamente, sei que assim que o aperto vier as lágrimas vão cair. Descontroladamente. Não vai ser bonito, eu não sou o tipo de pessoa "ah, que fofa que ela fica chorando". Definitivamente não.

Juro que queria corresponder às lágrimas que me seriam de direito. Ao choro não fingido pra expressar saudade, expressar gratidão, pra expressar sentimento. Sei que todos passaremos por muitas outras mudanças na vida então passei a enxergar os quadros maiores. Os anos futuros, os anos que se passaram, a oportunidade aproveitada e desperdiçada, as risadas e os perrengues. Aquele sentimento de eternidade que é colocado nosso coração, que Salomão tanto fala. Ele sabia que a vida é um grande repetir-se de momentos (chega de momento em viga, concreto me traumatizou), de maneiras semelhantes, em contínuo movimento: às vezes enfadonho, por vezes cansativo, mas, se a gente aprender a prestar atenção, a repetição toma uma cor bonita. Única. Especial.

Sim, hoje eu estou sensível. Bem como nas últimas semanas. Já dizia Roberto Carlos: são tantas emoções, bicho. Não estou sabendo lidar! É um misto gigantesco de felicidade e tristeza, de saudade e esperança, ai... Queria me despedir bonitinha e séria, então calma!

Eu não tenho lágrimas nos meus olhos, mas invariavelmente, meu peito está cheio de sentimentos balizados pela razão e minhas palavras não me abandonam. Essas mesmas, gastas, repetidas e daquele jeito que você já conhece. Acho que tenho probleminhas, mas continuo a escrever por que meus dedos não param, não cansam de transformar sentimentos em palavras. Minhas lágrimas vêm em forma de letras.

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