quinta-feira, 27 de julho de 2017

Sobre questionamentos da vida moderna

É com um incrível e insuportável peso que venho dizer que, aos poucos, todas as amarras estão se soltando. Quando a gente começa a se perguntar sobre o sentido das coisas na vida tudo parece ganhar outra perspectiva. É com outros óculos que escrevo hoje, tentando deixar as palavras aqui de um jeito simples e entendível.

Será mesmo que eu preciso de um armário abarrotado de coisas que eu nem gosto? Será mesmo que, agora, com quase 25, preciso guardar os registros de dias sofridos, de uma Marola que era isso mesmo: uma onda que nunca quebraria? Pois bem, a onda quebrou. Venho quebrando alguns padrões conforme as experiências se apresentam. Nada contra quem curte viver do mesmo jeito a vida toda, sem buscar entendimento nem assimilar novas ideias, mas não consigo mais.

Começou alguns anos atrás com o acúmulo de cosméticos. Sim, gosto desse universo, mais do que roupas e sapatos, mas até que ponto sou refém de lançamentos e até que ponto sou livre para experimentar outras coisas da vida que não sejam relacionadas a cosméticos? O questionamento me veio na forma de uma alergia que durou mais de um mês. O motivo? Esmaltes. O primeiro vício. Agora fui obrigada a me desfazer de todos os que não podem mais ser usados e quer saber? Estou achando ótimo. Miga, se você gosta de esmalte, vem falar comigo, plmdds preciso dar fim neles

A sensação esquisita continuou quando percebi que tinha 5 produtos com as mesmas funções. Por quê? Não sei. Eu nem uso maquiagem com tanta frequência, tenho zero problemas em sair na rua de cara lavada e meu cabelo nem é mais comprido (e jamais será novamente). Seriam todos os produtos uma espécie de desculpa, de muleta, de artifício pra me mostrar o quão infeliz comigo mesma eu sou? Também reduzi. Sigo reduzindo. Espero que chegue o dia em que todos os meus produtos caibam em uma simples necessaire.

Quando meu corpo começou a travar e os cabelos brancos começaram a dar as caras com mais frequência, tive que tomar uma atitude. A atitude que venho negligenciando há anos e foi uma das maiores surpresas pra mim. Meu corpo reclamava, eu precisava cuidar dele. Comecei a fazer ioga, sozinha, no meu quarto, com um aplicativo de celular como professor. Faz quase dois meses e nunca mais acordei toda travada. Jamais imaginei que uma coisa tão simples fosse capaz de dar tantos resultados. Eu nunca me adaptaria a uma rotina de academia, de exercícios pesados nem de esportes coletivos. Admiro muitíssimo quem consegue, juro. Mas papai que me desculpe, nunca serei boa nos esportes. A vontade de perder uns quilinhos não vem mais por conta da estética: é só pra diminuir o peso da pancinha na hora da prancha mesmo (e por que o IMC diz que tem um quilo me deixando como sobrepeso). Alimentação saudável? Parei de tomar refrigerante com frequência, conta? Alimentação saudável é assunto pra mais pra frente, Marola acostumou com a rotina da ioga por enquanto, ainda precisa acostumar com a rotina de comer direito e não comprar mais miojo no mercado.

Sinceramente, sem querer parecer convencida nem nada, nunca estive mais confortável em minha própria pele. Isso nada tem a ver com os quilos na balança, nem com os cosméticos, nem com a ioga: tem a ver com aceitação pessoal. Tem a ver com olhar no espelho sem procurar me encaixar em padrões, afinal cada indivíduo é único e cada corpo segue um ritmo. Joguei os estereótipos pela janela e segui procurando me cobrar menos, me culpar menos e me perdoar mais, sem esquecer que o mais importante é saber o ponto de equilíbrio entre comer um quilo de comida de uma vez e viver só de salada. No fim das contas, a balança que importa é aquela que não mostra números, mas qualidade de vida.

Mas sabe o que me faz realmente feliz? Uma boa noite de sono. Completa. Não duas horinhas dormindo no sofá pra conseguir terminar projeto. Me faz feliz tomar café com as amigas e não almoçar uma marmita, em pé, no corredor do prédio dos mestrandos. Me faz feliz chegar em casa e ter bolo de fubá com café fresquinho. Me faz feliz rever e abraçar pessoas que eu não via em meses, quem sabe anos. Me faz feliz não ser julgada pela correria dos meus dias e ser entendida quando digo que a vida anda sim uma loucura e estou buscando sanidade diariamente. Me faz feliz quando as pessoas entendem que é preciso traçar prioridades e que nem sempre a gente consegue segui-las. Me faz feliz poder sentar no sofá e ler um livro. 

Pra onde é que a gente corre tanto sem chegar em lugar nenhum? Acho que as prioridades estão no mundo invertido mesmo. O alvo parece distante, a vista segue embaçada. Felizmente, ao longe dá pra ver aquele velho e conhecido farol que pisca durante a noite toda mostrando a rocha. É ali que existe terra firme e todos os meus questionamentos encontram respostas.

Um comentário: