sábado, 4 de novembro de 2017

Sobre fugas e furacões

Ela fugia, à toda velocidade, do amor.
Com o coração dolorido, se poupava da dor,
trancada num castelo, rodeada de preconceitos,
julgamentos e sobrecargas.
Tinha esquecido que nesse mundo louco,
onde tudo o que importa é vaidade,
o amor ainda se escondia nos detalhes.

Ela fugia, ainda correndo, no caminho contrário ao amor,
afundando na loucura.
Sua sanidade por um triz,
seus sorrisos tão pesados, tão cheios de contentamento.
Tanta felicidade ao redor,
seria possível que ela fosse desfrutar disso?

Ela fugia, andando nos caminhos de auto punição,
colocando o amor por si mesma na última prateleira
e virando as costas.
Alguém enxergaria de fato quem ela é?
Alguém a puxaria de volta à sanidade?

Ela fugia, e então parou.
Ao longe, o inesperado sorriu.
Ao longe, a mulher que ela nem sabia
que morava dentro dela também sorriu.
Algo começava a mudar.
Seus preconceitos, julgamentos e sobrecargas
eram aos poucos substituídos
por carinho, suavidade e amor.
Seria esse o caminho?

Ela parou de fugir.
Suas energias estavam em outro lugar agora,
suas exigências eram outras,
suas experiências se transformavam
enquanto ela mudava também.
Seus castelos que pareciam tão fortes,
eram de areia.
Desmoronaram.

Pedia para que o verão viesse com a chuva,
até que encontrasse o amor ou furacões,
afinal, havia abrigo para ela no fim da fuga.
A chuva veio mostrando que,
em seus pequenos furacões,
também é possível encontrar o amor.

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