sábado, 13 de novembro de 2010

Pesa-me.

Hoje, me pesa a caneta na mão como a vida do paciente ao médico.
Pesa-me a solidão, tragando-me para um abismo traiçoeiro de alucinações e fantasias.
Pesa-me o tempo: o tic-tac dos relógios num frenesi louco, num nunca parar.

Pesam-me as responsabilidades, as universidades e até mesmo as vaidades...

Pesa-me a dor do oprimido, o grito enclausurado no peito de quem não o diz. NÃO!
Pesa o desejo de fazer o que é bom, de redimir-se.
Pesa o ódio contra injustiças e a tristeza dos injustiçados, ao mesmo tempo que o desejo de consertar tudo.
Pesa-me a saudade de tudo aquilo que teve tanto potencial mas que nunca aconteceu.
Pesam lágrimas que não chorei para parecer forte.
Os gestos que não fiz, não por falta de espontaneidade, mas para não desapontar os outros e esquecendo de mim.

Pesa o medo de que eu me transforme em aparência.

O medo de estar eternamente só pesa quase mais que tudo.
O desejo de ser compreendida.

Pesa-me o luto ou a saudade dos que não se foram, mas se ausentaram e não voltam mais.

As escolhas que tive que fazer até aqui.
Pesa essa acomodação infernal que me persegue.
Pesa a verdade, o amor e a vida. O dever de continuar respirando sobre a Terra.
Pesa a vontade de ser diferente, mas se não disser tudo o que pesa em mim,
isso pesará tanto, mas tanto que não sei se posso conseguir.

Agora que os pesos se foram naquele que pagou o preço por mim, posso respirar.
Ser leve.
Quem sabe voar?!

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