sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Uma retrospectiva anormal de fim de ano


Sempre soube que, de uma forma ou de outra, eu não seria normal. Minha última sexta feira de 2012 será dedicada a lhes explicar isso. Posso parecer, mas nunca serei normal e a prova disso é: decidi que em 2013 sinceridade reinará absoluta. Sem mentira pra mim mesma, sem atenuantes pros outros. A afirmação "eu nunca minto" continuará sendo minha máxima.
Pra começo de conversa, com todo o respeito, esse post é para mim. Agradeço a sua visita por aqui, caro internauta. Valorizo sua presença e sua opinião, mas você talvez fique confuso com o que lerá a seguir. Já aviso que muitas águas vão rolar, ou melhor, muitos caracteres serão gastos nesse meu projeto verão sinceridade 2013. Começo por aqui, contando o que descobri em 2012.

Descobri que família é um negócio complicado (principalmente se você tem 35 tios e 500 primos), mas que ao tentar compreendê-los, ouvir suas histórias, seus medos, arrependimentos e vontades é possível encontrar a força que você não sabia que tinha, mas que agora sabe de onde vem. Após uma adolescência meio rebelde, aprendi a valorizar minha família, que merece muito o meu respeito e admiração por todo caminho trilhado até agora.

Descobri em mim uma força que eu jamais soube que possuía, uma força que quase sumiu durante os dias mais escuros, mas que estava ali, me mantendo de pé. Ninguém sabe e nem precisa saber o que eu passei durante esse ano para que essa força se instaurasse. Eu apenas sei que ela existe.

Descobri que não sou boa com palavras em momentos de dificuldades. Não sou boa com discursos consoladores, não sou boa em situações de luto, término de relacionamento, problemões... Descobri que só sei oferecer meu ouvido, meu ombro, meu abraço, meu tempo, minha preocupação (escondida) e meu silêncio. Talvez eu só seja boa com palavras quando estou escrevendo daquilo que realmente sei. Mas só sei que nada sei... 

Descobri em mim a capacidade de não conseguir gostar de algumas pessoas. Simplesmente não consegui. Algumas por que, desde o primeiro momento, desde o segundo que eu conheci, sabia que magoariam pessoas que eu amo. Magoariam feio. Eu sabia. Por isso não conseguia amar, por que sabia que eu teria que conviver com corações quebrados depois. Algumas eu simplesmente aprendi a conviver, tentando ser amigável quando possível e possivelmente grossa quando estava com a paciência curta. Descobri que muitas pessoas realmente só irão procurar saber se você ainda está vivo para te pedirem favores, mas nunca para te dizer que simplesmente sentem saudade. Com algumas raras exceções, quem sempre corre atrás de manter amizades, ainda que virtualmente, sou eu. Parece que as pessoas simplesmente não ligam. Ou talvez eu seja muito chata mesmo.

Descobri que minha fúria, chamada TPM, tinha solução. E que eu poderia ter tido uma vida bem menos miserável se tivesse descoberto antes. Tive um 2012 sem TPM e sem cólicas: a maior bênção desse ano.

Descobri uma coisa na qual eu era ou ainda sou muito ruim: dirigir. Queria pedir desculpas ao Luís por tudo o que eu o fiz passar. Judiação. Mas, no fim das contas, eu consegui. Depois de muitos chiliques meus em casa, depois de muito preparo psicológico, depois de um suco de maracujá antes da prova prática. Provisória na mão e pronta pra dominar o mundo, só que não.

Descobri uma coisa na qual eu sou ou serei um dia quem sabe boa: cozinhar. Apesar de alguns desastres aqui e ali, eu gostei da brincadeira. Assisti Julia & Julie esses dias e decidi que quero mais esse hobby pra mim. Depois de alguns programas do Gordon na TV, você acha que é fácil. Quero ver se na prática é tudo lindo assim mesmo. 2013 que me aguarde, fogões e panelas me esperam.

Descobri uma coisa da qual jamais conseguirei ficar sem, nenhum dia sequer: cantar. Cantar liberta minha alma de todas as preocupações bobas. Quando estou feliz, canto; quando a tristeza é grande, canto mais alto. Quando quero me animar, mesmo estando triste, canto Maroon 5. Quando quero cantar com a alma, canto Palavrantiga. Quando estou moderninha, canto Florence. Quando estou mulherzinha, canto Sara Bareilles. Quando a nostalgia me arrasta, canto Coldplay. Quando tenho o nervosismo e a vontade de fazer cabeças rolarem, canto Pitty. Quando a injustiça do mundo me faz impotente, canto Resgate. Entre outros tantos preferidos, eu canto. 365 dias por ano. Quando não, me falta um pedaço. Não sei se bem ou mal, mas canto. E sempre cantarei.

Descobri que será quase impossível usar todos os meus esmaltes e sair de batom vermelho sem ocasião especial. Descobri que é possível usar protetor solar todos os dias e agradeço à moça da farmácia por me indicar o Vichy. Descobri que sempre serei complexada com minhas sobrancelhas, minhas unhas e a depilação, por menos tempo disponível que eu tenha. Descobri que reinventar com coisas velhas é mais divertido que fazer compras, mas que tenho que parar de comprar coisas que eu já tenho demais.

Descobri o que Salomão quis dizer com “amigo mais chegado que irmão”.  Aqueles amigos que sempre terão um abraço, um ouvido ou um “cale a boca agora, você não sabe o que está falando”. Aqueles que eu poderia sair correndo pra acudir, aqueles que sempre terão lugar cativo no meu coração mesmo que anos passem e que distâncias aumentem serão como família, às vezes até mais amados.

Descobri que não é possível (para mim) não sofrer com os problemas dos outros. Sempre me preocupei e sempre me preocuparei. Não importa o tamanho dos problemas, o quanto as pessoas sejam relapsas, o quanto tudo pese (e pesa muito) em meus ombros: eu sempre me preocuparei.

Descobri que existem pessoas maravilhosas sim, daquelas que você adoraria ter conhecido antes por que fariam da sua vida algo mais divertido e suave do que foi. Pessoas que te oferecem abraços, te despreocupam e simplesmente te aceitam, por mais chata e reclamona que você seja. Amizades assim deixam saudades, principalmente quando você sabe que os verá frenquentemente apenas por um tempo, com data de validade definida para a tal frequência.

Descobri que é inevitável amar quem não se parece com você, em todos os sentidos de amor que se possa imaginar. A cada dia acredito mais na física e no grande clichê de que "os opostos se atraem". Descobri que amar é inevitável. Por mais que você tente colocar barreiras, obstáculos e defeitos, você sabe quando ama. Por mais que negue, por ser mais fácil negar qualquer sentimento a sentir de fato, a própria negação afirma a existência do sentimento. Descobri um jeito esquisito de amar, começando pelos defeitos, aprendendo a enxergar além da aparência. Fazendo o sentimento crescer, sem precisar de muito esforço, ao longo do tempo. Descobri que sou apaixonada por gente espontânea. Infelizmente, essa descoberta foi só minha, mas de um jeito ou de outro ganhei minha dignidade, ainda que porcamente. Talvez isso tudo seja sinceridade demais...  E de algum jeito foi amor, então guardo a experiência e o sentimento.

Descobri que chorar também é inevitável quando a alma pesa uma tonelada. Mil quilos de pura ansiedade e preocupação. Quando parei de lutar e simplesmente chorei, me livrei de boa parte deles.

Descobri que meus planos podem não dar certo sempre, sejam os grandes (que eu gosto de chamar de sonhos) ou os pequenos (que são apenas planejamentos mesmo), mas que em meio à bagunça é possível encontrar coisas esquecidas e em meio ao caos existe ordem. Além do mais, meus planos e sonhos sempre estarão nas mãos Daquele que um dia me deu a vida, pra planejar e sonhar comigo.

Esse não é um post de auto ajuda, nem serve para satisfazer a sua curiosidade. Não é um texto pra te deixar feliz ou triste, é apenas uma autoanálise, daquelas bem cabeludas, que entra no meu plano de sinceridade com o mundo. E que venha 2013, por que eu tenho muitas coisas pra tirar do meu baú. Algumas são lixo, outras são lembranças... e por que não algum artigo luxuoso que possa ser considerado vintage?!

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