segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Histórias pra contar

Eu não sou boa em contar histórias. Talvez eu jamais seja boa nisso. No entanto, hoje eu sei, no fundo da minha alma, que eu preciso contar a vocês as histórias de dois homens. Serão reais, serão criados? Será que algum deles me lê? Cabe a vocês imaginar.

A história do primeiro é um resumo de sua personalidade, a história do segundo, o resumo de uma noite.

O primeiro homem era casado e pai, bem sucedido. Tinha sua casa, sua família, sua vida estabelecida. Frequentava a igreja regularmente, possuía responsabilidades dentro dela, era exemplo ali, principalmente para os jovens. Falava com propriedade sobre as coisas de Deus, despertava sentimentos de ação no coração dos jovens que o ouviam. Queria ver e fazer as coisas acontecerem. Isso é um perigo quando a satisfação do ego é mais importante do que a ação. E esse homem desconhecia a base de tudo sobre o que falava: o amor. Achava que o amor era uma simplesmente entregar algum dinheiro para realizar as coisas, achava que sua imagem de doador financeiro era o que inspirava amor e que o prestígio que possuía ali estava muito bem, obrigado. Esse homem não sabia que, para suas palavras fizessem sentido, precisava amar as pessoas fora do ambiente congregacional. Não sabia respeitar seus empregados. Quem estava abaixo era destinado a ser pisado. Será? Era desonesto em seus negócios. Ele achava que se falasse sobre as coisas do céu seria absolvido do inferno. Achava que o amor sobre o qual falava era uma coisa seletiva, em que amaria apenas pessoas que o amassem e pessoas que poderiam servir no futuro. Pessoas que o ajudariam a manter a sua imagem. Ele não era o primeiro e infelizmente não seria o último a pensar assim.

O segundo homem não possuía nada, vivia pelas ruas, não sabia o que era ter um teto assegurado sobre sua cabeça. Bebia constantemente e não conseguia ver muito sentido nas coisas desta vida. Em uma noite, meio fora de sua consciência ainda, entrou em uma igreja. Ele não estava limpo, nem se apresentava como se tivesse um milhão de dólares, mas os homens que estavam ali o receberam, o acomodaram. Ele foi recebido dignamente, como qualquer um dos outros que estavam ali. Quando as pessoas começaram a sair, ele esperou. Não por que ainda estivesse bêbado, mas por que precisava falar com quem estava dirigindo o culto. Disse-lhe obrigado, pois não costumavam tratá-lo daquele jeito nos lugares onde entrava. Estava habituado a ser tratado de qualquer jeito e a ser impedido de entrar em templos por causa de sua aparência.

Esses dois homens não teriam nada em comum, exceto a presença em um mesmo lugar, na mesma noite, talvez. Um deles sabia teoricamente sobre o amor, o outro experimentou brevemente o amor.

É improvável que quaisquer destes homens leiam esta postagem, mas quero deixar um recado ao primeiro homem. Se você fala com tanta propriedade sobre Deus, sabe quão incalculável é o seu amor. Você deve ter experimentado uma fração desse amor. Ame as pessoas que fazem parte dos seus dias, não apenas aos frequentadores do templo. Não se comporte como um publicano. Pare de depositar seu amor no dinheiro, conta bancária não compra lugar no céu nem te faz mais santo. Resumidamente, tenha um pouco de dignidade naquilo que diz. Não estou te mandando ao tribunal, nem declarando meu ódio a você, mas há um Deus acima desse mundo, e Ele é justo. Você mesmo disse, lembra? Nunca fiz questão de parecer perfeita, Deus sabe disso. Eu erro. Demais. Não consigo amar as pessoas completamente, não consigo sair da minha bendita área de conforto, não busco a Deus como eu queria. Ele sabe que eu não sou hipócrita. Eu tenho a tendência ao exagero, mas acredito que você existe. Se você estivesse na porta da igreja e ninguém estivesse vendo, você receberia o segundo homem?

Deus sabe como eu me irrito com hipocrisia. Todos temos vários lados de uma personalidade, mas possuir duas é completamente diferente. Não entendo o porquê de querer parecer santo aos olhos da sociedade. O prestígio dos homens não interessa. Os aplausos são passageiros. Dinheiro não compra consciência tranquila, apesar do que a sociedade tenta nos ensinar. Infinitamente melhor é quem admite que erra e se arrepende do que quem diz nunca errar.

Esqueci de ligar meu filtro de eufemismo hoje novamente. Acho que estou ganhando a batalha da sinceridade, e posso me sentir muito melhor. E se eu incomodei você que me lê, estou feliz. Significa que estou saindo da zona de conforto. Que não escrevo para massagear egos feridos. Agora escrevo para deixar inquietude. Bagunça que só você pode arrumar.

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