sábado, 22 de novembro de 2014

Sobre insignificância e responsabilidades

Aqui no meu cantinho, em um mundo imenso em quilometragem e minúsculo em suas conexões, continuo caminhando. Respirando sobre o planeta que chamaram de "Terra" um dia desses. Muitas coisas me intrigam, muitas não fazem sentido algum.
Hoje comecei a pensar em quanto as pessoas estão realmente envolvidas com seu próprio umbigo. Essa semana, enquanto eu panfletava na frente de um supermercado, não pude deixar de ouvir a conversa entre a amiga que estava junto comigo com um senhor que recebeu o panfleto. Ele dizia que era dever do governo sustentar as instituições para as quais estávamos ali arrecadando doações e que se continuássemos a fazer aquele trabalho as autoridades continuariam acomodadas e nada nunca mudaria. Apesar desse discurso, ele contribuiu.
Penso no que poderia fazer no lugar onde me encontro... Estudante, pagando aluguel e passagens, sem tempo para fazer muitas coisas, sem um transporte eficiente. O que eu poderia fazer? Em minha enorme insignificância decidi tentar ajudar o próximo, ainda que de maneira extremamente precária, com algumas horas da minha semana corrida. Em minha enorme pequenez decidi que eu não ficaria sentada esperando alguém fazer a obrigação que lhe é devida. 
O mundo continua girando enquanto negligenciamos nossas obrigações. O mundo gira enquanto muito dinheiro é lavado, muitas crianças morrem de fome e muito dinheiro é gasto em inutilidades. Não importam quantas coisas que consideramos injustiças aconteçam: o mundo continuará a girar apesar de todas elas. Mas quem não pode parar sou eu!
Enquanto muitos tendem a cruzar os braços e aproveitar o balanço, me recuso a depender de negligência. Tudo começa com coisas pequenas. Se eu ficar parada, quem é que faz a minha parte? Sei que não posso fazer muito, sei que não tenho tanta influência. Sei também que se todos fizessem muito pouco, muito seria feito. Julguem os negligentes, mas eles não fazem diferença pra mim. Não me interessam os que não fazem o que lhes é delegado: é certo que eles terão sua recompensa, de um jeito ou de outro.
Tenho uma irritação extrema com quem assume responsabilidades sabendo que não será capaz de cumpri-las e o pior: nunca pede socorro. Sei que não sou perfeita: quando algo excede minha capacidade saio feito louca gritando por ajuda. Desde pequenas coisas como um trabalho em grupo da faculdade até o plano de governo do país essa lógica pode ser aplicada. 
Em minha enorme insignificância ficava extremamente feliz por cada pacote de macarrão depositado naquela caixa. Por cada sabonete. Por cada pessoa que respondia meu "boa tarde, você já conhece o Natal Solidário?" com um sorriso. Pelas doações das pessoas mais simples. Pelas doações das senhorinhas simpáticas. Todos estávamos fazendo algo pra ajudar o próximo, ainda que fosse muito pouco, e o Universo estava vendo aquilo. E eu já recebi minha recompensa, mesmo não merecendo absolutamente nada, por que estava ali fazendo minha obrigação. Independentemente de qualquer circunstância não dá pra ficar de braços cruzados.
Acho que é por esse motivo que escrevo. Por acreditar que, de alguma forma, posso influenciar outras pessoas a não continuarem patinando em seus erros. Por acreditar que as pessoas possam aprender com os meus erros e, dessa forma, poderei poupá-las de algum sofrimento desnecessário. Por acreditar que de alguma forma posso tocar corações. Por ter recebido a capacidade de me expressar em palavras, mesmo que de forma meio torta na maioria das vezes. Por lembrar da história do passarinho que carregava água para apagar o incêndio na floresta: ele não negou sua responsabilidade ainda que ela fizesse pouca diferença em um mundo grande em extensão, mas pequeno em solidariedade.

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