terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Sobre meu encontro com aquela velha cruz

Milhares de anos atrás, a existência de uma cruz mudou toda a história da humanidade. Nela foi pregado um judeu; carpinteiro, jovem e que vivia conforme seus próprios padrões. Aquela cruz foi testemunha de um sofrimento terrível. Foi maldição enquanto a morte rondava Aquele homem ali pendurado...

No entanto, aquela cruz tornou-se o mais maravilhoso dos símbolos. Através daquela cruz recebi um chamado irresistível, gentil. Eu me aproximava sem saber o que dizer, com o coração aos prantos num misto de extremo arrependimento e infinita gratidão. Eu soube, ali, aos pés daquela cruz a má notícia. Sim, por que a boa notícia só é verdadeira depois que a má notícia é revelada.

Aquele judeu agonizava dores que eu não compreendia antes do meu encontro com a cruz.
"Por que sofre tanto?"
"Se Ele é mesmo Deus, por que não desce dali? Não faz sentido!"
"Por que parece que sua alma está em um sofrimento muito maior do que seu corpo?"

Era minha aquela cruz. Aquele castigo pertencia a mim. Cada prego, cada gota de sangue, cada arquejar em busca de fôlego para a respiração deveria ter o meu rosto - minha identidade pecadora deveria padecer ali, em face a um Deus justo.

Uma vez que me vi pecadora diante do Deus Santo e verdadeiro, imediatamente entendi o sofrimento daquele homem. Ele não estava morrendo por que tinha sido condenado pelas leis dos homens: era meu o pecado que lhe trazia a morte. Lenta, dolorosa e agonizante. Era meu o salário maldito que recebia ali.

Depois de tão penoso sacrifício, aquela cruz ficou vazia. Completamente pintada de vermelho. Uma visão terrível, mas eu não podia desviar meus olhos dela. Um silêncio inundava minha alma. Eu ainda caminhava nas trevas. Conforme observava aquela velha e rude cruz, em meu coração surgiu a necessidade de deixar tudo o que eu era, tudo o que seria e tudo o que fui bem ali. Aquele chamado gentil a uma cruz tão cheia de significado preencheu cada centímetro da minha existência. Não era mais eu quem vivia; era aquele judeu, que não está mais morto e vive hoje dentro de mim. Ele me deu o presente mais maravilhoso que tive a chance de receber.

Ah, aquela cruz hoje me traz esperança. Olho para ela com um sentimento inexplicável de alegria e gratidão. Quando a justiça for feita, quem tomará meu lugar na balança é Aquele que morreu nessa cruz. Quem me defenderá perante o Pai será o próprio Filho, o legítimo. A maldição que pesava sobre aquela cruz enquanto Cristo padecia ali tornou-se esperança. Graça e misericórdia.

Como aqueles 21 e tantos outros cristãos assassinados cruelmente, também tive meu encontro com a cruz. Também experimentei o arrependimento pela desobediência. Pude sentir, assim como eles, o amor de um Pai que sempre estará de braços abertos para acolher e perdoar. Espero algum dia ter tamanha coragem para afirmar que o morrer é lucro, quando o viver é para Cristo.

Eu sei que toda essa história pode não fazer nenhum sentido pra você, por que também não fazia sentido pra mim. Mas lembre-se que o maior símbolo de amor não é o coração romântico, falho, ciumento, possessivo e enganador. Essa velha e irresistível cruz, cheia de esperança, cheia de significado, é símbolo da maior demonstração de amor de todos os tempos.

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