domingo, 15 de março de 2015

Sobre arrependimentos

Perdoa a minha teimosia, o meu apego pelo desnecessário.
Minha arrogância e a minha falta de paciência.
Perdoa minha negligência perante tantas situações e tantas pessoas.
Perdoa essa pseudo paz forjada na guerra, essa mania de mandar o outro calar-se, essa indiferença com a dor e a poesia alheia.

Ensina-me a amar cada dia mais, a entender que respeito é fundamental.

Ensina-me que atirar a primeira pedra nunca fará de mim uma santa, mas uma hipócrita.
Perdoa minha hipocrisia, meu erro que foi tão criticado antes por mim.
Perdoa minha indiscrição, as palavras impensadas que escrevo e falo e cada pensamento mau.

Perdoa o meu grito que calou-se, meu braço que parou estendido no ar em defesa do indefeso.
Perdoa a palavra certa nunca dita, a oportunidade perdida e o momento que se foi.

Perdoa as minhas faltas, perdoa cada um dos meus excessos.
Perdoa a mágoa que ainda carrego. Sei que já fui perdoada: não é meu o direito de negar perdão.

Perdoa a minha preguiça, a minha procrastinação perante a rotina e as minhas listas sem fim que, no fundo, são meu desejo pífio de evitar a morte.
Perdoa o dia em que dormi sem querer, o dia em que o peso do mundo fez com que eu me afundasse em sonhos indistintos.
Perdoa essa minha necessidade de querer sentir tudo ao mesmo tempo, perdoa minha ansiedade recorrente, minha preocupação desnecessária.

Ensina-me a entregar tudo, mesmo que eu não compreenda nada por agora.
Ensina-me a agradecer todos os dias o privilégio de poder respirar sobre a Terra, o privilégio de não possuir um vazio na alma.

Perdoa minha pressa, por achar que chegarás atrasado.
Perdoa minha atitude cética, me faz acreditar a cada dia. Faz-me revolução a cada dia.

Ensina-me a nunca duvidar de tão grande amor, ainda que os dias sejam difíceis.

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