sexta-feira, 12 de junho de 2015

Uma carta improvável sem destinatário definido

Local indefinido, no dia em que a intrepidez venceu;

Querido destinatário,

Não quero causar constrangimento, mas sem meias palavras precisei te escrever esta carta que pairava na minha imaginação. Lembre-se que esta é apenas mais uma carta de amor, daquelas bem bregas mas que precisam ser escritas. Lembre-se também que o amor é brega até mesmo nas melhores famílias... Mas prometo ser sincera com você o tempo todo.

Se é pra ter amor meia boca, mais ou menos, sem totalidade, nem quero. Se é pra ter amor possessivo, ardido de ciúmes, cheio de egoísmo também não quero. Se for pra amar só pra ocupar cargo nem envio meu currículo. Se for pra amar só com o corpo, se entregar apenas fisicamente e nunca conhecer suas maluquices e seus segredos, sinto muito, mas estou partindo pra Pasárgada e você nunca mais ouvirá falar de mim...

Mas se quiser um amor completo, pleno e sem complicações, me liga. Se quiser alguém pra estar ao seu lado nas dificuldades, alguém que ame cada uma das suas individualidades e que abra um sorriso só de pensar em quão convencido e chato você ficará se algum dia descobrir que escrevo pra você, eu estou aqui.

Se é pra reclamar de corações partidos, desventuras amorosas e desastres engraçados, senta aqui que as histórias são longas... Se é pra remendar corações despedaçados, esquecer tudo o que passou e olhar pra frente, eu estou aqui, fazendo disso um exercício diário de fé.

Mas, se por acaso não se apaixonou pela minha personalidade, se não se acostumou com meus excessos e minhas faltas, se não estiver disposto a receber essa carta e esse amor, apenas diga não. Eu não vou me descabelar, te perseguir online ou implorar amor chorando aos seus pés. Tenho dignidade e consciência suficientes pra saber que amor a gente não implora, não impõe: você sabe que amor a gente escolhe. E eu escolhi fazer minhas escolhas usando mais a razão do que o coração, mas você já sabe que eu sou assim mesmo e não sou egoísta o suficiente pra achar que a sua felicidade só pode existir comigo. Na verdade mesmo, queria uma companhia meio maluca pra seguir sendo feliz. Por que você também sabe que felicidade só é real quando compartilhada com quem a gente gosta.

Eu não quero posse, você só pra mim, sua vida em função de mim. Eu quero somar, não subtrair até a exaustão. No entanto, não aceito nada menos que fidelidade, nada inferior a uma entrega total, um encontro de almas e corpos registrado pelo universo (e em cartório também, quando o dia chegar). Não posso aceitar nada além disso, nada menos que isso. Não posso te enviar essa carta também, seria loucura. Mas eu não sou muito normal e acho que você já sabe... Quem sabe um dia?

Com toda a honestidade que encontrei em mim,
da moça que é mais Amélie do que Amélia.

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