terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Sobre a vida, o universo e tudo mais - inclui 2015

Ando tomando muito café nessas férias... O que me faz escrever textos intermináveis em horários pouco produtivos. Aliás, nos horários mais produtivos de quem está de férias: a madrugada.

Eu não quero relembrar cada pequeno detalhe de 2015 nesse post. Quero apenas deixar claro algumas verdades universais que, por oportunidade do destino, se revelaram a mim durante este longo e impressionante 2015.

Primeiramente, sou muito mais grata por que, analisando esse período de tempo passado, posso dizer que 2015 foi muito mais generoso e bondoso comigo do que eu imaginava. Passei por situações desagradáveis mas ainda assim consegui ver com bons olhos o que o passar do tempo me trouxe.

A loucura de me afundar na faculdade e fazer 34 horas de aula na semana foi algo que posso dizer sinceramente que não me arrependi. Com isso descobri minha nova técnica de estudo e a utilizo desde então: eu acordo de madrugada. Ao invés de insistir no cansaço e estudar até a madrugada, me entrego a ele e após algumas horas de sono estou pronta para começar. Claro que me arrependi algumas vezes de não ter ficado dormindo, mas quem pode me culpar por me preocupar demais com uma prova? O réu que nunca foi julgado, que atire a primeira pedra! Obrigar-me a perder muitas horas de sono e um pouco de qualidade de vida parece loucura, mas no final das contas tudo caminhou para o melhor e estou aqui, viva após dois longos e cansativos semestres com apenas uma recuperação pendente. Acreditem ou não, um ano todo sem nenhuma reprovação é quase um milagre quando seu curso é Engenharia Civil.

Ainda em 2015 aprendi que não é falta de amor ou carinho deixar pessoas viverem suas vidas. Por mais protetora e cuidadosa que eu tente ser com cada um que um dia foi especial pra mim, aprendi que o mundo gira e não sou eu quem o controla. Amizades são mantidas apenas quando ambos desejam que assim seja. Amizades são feitas quando ambos são beneficiados pela presença um do outro. Quando a relação se torna cansativa, entediante e desgastante, por maior que tenha sido a intimidade compartilhada, por maior que seja a consideração, não há nada mais nobre a fazer do que afastar-se. Os bons momentos sempre serão bons, não importa o que venha a acontecer. No entanto, a vida continua e você já não sente mais a obrigação de compartilhar algumas coisas ou se esforçar por outras. Isso não te transforma numa pessoa ruim, apenas em alguém que está preocupado demais com sua própria sanidade. É exatamente nesse momento que você começa a perceber o quanto algumas pessoas se importam com você. O quanto alguns amigos te amam. Quão importante é esse amor para mantermos a integridade da vida. Integridade emocional, psicológica e social. Você percebe esse amor nos pequenos e nos grandiosos atos do dia a dia. Sou muito grata pelas amizades que tenho feito. Acredito que apenas agora, aos 23 anos de idade, eu esteja começando a entender o que um amigo realmente significa. Pessoas que querem apenas que eu seja feliz e que são felizes por que eu faço parte da história delas. Pessoas que amam o que eu faço, independente de todas as outras besteiras e as crises de estresse por causa da faculdade. Pessoas que discutem e mostram quando estou sendo irracional. São essas pessoas que me mostraram o significado de amizade, que me acolheram em suas casas, me fizeram companhia pro almoço, pro jantar, pra reuniões, grupos de pesquisa, cinema e até mesmo pra fazer nada. É para elas o meu maior agradecimento esse ano. Pelas suas ideias geniais de como melhorar meus dias e por serem horríveis em organizar festas surpresas, seja pra mim ou para os outros, por que a gente sempre acaba fazendo alguma coisa que quase faz tudo dar errado no último minuto!

Fiquei extremamente consternada quando me disseram que eu tinha espírito de liderança. Essa característica definitivamente nunca tinha passado pela minha cabeça até que eu talvez a tenha demonstrado em época de necessidade. Espero que eu venha a aprender a conduzir pessoas de maneira gentil e cuidadosa, sendo sempre alguém em que os outros possam confiar e contar para que qualquer projeto ou atividade desenvolvida seja bem sucedida.

Também percebi que quase não chorei. Não sei o que está acontecendo, talvez eu esteja com defeito.

Descobri sobre a vida, o universo e tudo mais nesse ano. Descobri que sou capaz de sentimentos que desconhecia, sentimentos que eu jamais imaginei que carregaria por tanto tempo. Ah, 2015 foi tempo de descobrir que falar a verdade é sempre libertador. Não interessa o quão difícil seja encontrar a coragem para expressar seus sentimentos, essa coragem nos impulsiona a fazer o que é nosso de direito, afinal, é um direito alienável do ser humano arruinar a própria vida. Ou acertá-la. Uma vez que você tenha tido a iniciativa, jamais conseguirá parar. É um alívio finalmente conseguir realizar tal tarefa depois de tanto tempo sofrendo calada. O que me preocupa é o medo eterno de ter me tornado alguém insensível aos sentimentos alheios, que olha egoistamente apenas para os seus. Espero que esse mesmo tempo que me libertou das amarras do silêncio me mostre o quão consolador ele pode ser em alguns casos e que eu tenha o discernimento suficiente para diferenciar cada um deles.

Tive meu coração partido e remendado, em diversas situações. Eu simplesmente não consigo mais mentir. Descobri que grandes reviravoltas fazem da vida algo mais interessante. Confesso que não esperava mudar de rumo, desatar alguns nós e amarrá-los de outra maneira, mas foi melhor assim. O que importa são os bons momentos que sempre sobressaem aos momentos estranhos e de conflito de interesses. Antes que o doce desande, a confeiteira está sempre feliz por estar cozinhando. É lógico que o objetivo da tarefa não é que ela falhe, mas ainda assim, depois da falha sempre sobra um aprendizado. Sempre sobra uma mágoa também, um sentimento de que aquele seria o melhor doce já feito em sua história como confeiteira, mas no fim das contas, desandou. E não há nada que você possa fazer para que isso seja mudado.

Aprendi que dói brincar com os sentimentos alheios. Mas eu já deveria saber por já ter estado do outro lado da história. É cruel. Mesquinho. E machuca ambos os lados.

Incluindo o tudo mais em meu relato, quero dizer que o cinema foi memorável em 2015. Fui com uma frequência muito maior que a de costume ao cinema e digo que sempre associarei o filme às pessoas que me acompanhavam nessa jornada. É algo estranho, porém reconfortante. Destaco três filmes que me fizeram feliz, sendo que eu não ligo a mínima pra opinião alheia em relação a eles. O primeiro foi Mad Max, assistido nos 45 do segundo tempo da exibição, que me fez não conseguir respirar direito na primeira vez que o vi: eu não queria piscar com medo de perder algum detalhe naquela trama bizarramente estranha e impressionante. O segundo foi Jurassic World, que me trouxe à infância novamente, ressuscitando um dos meus filmes preferidos de tal época e revivendo o sentimento de encantamento perante o novo do velho jurássico. Por fim, mas nada menos importante, Star Wars despertou a Força MESMO. Apesar de ser uma fã recente da saga, pude sentir toda a expectativa e o encantamento que rodeavam esse filme e tudo isso foi traduzido em duas horas de um enredo cheio de detalhes e de um amor antigo, renascido para alegria dos fãs. Tanto em Mad Max quanto em Star Wars, o papel de mulheres independentes foi fundamental para o desenvolvimento da trama, o que me deixou particularmente muito feliz. Senhoras e senhores, foi um ano muito bom para o cinema.

Descobri que são realmente as pequenas coisas que importam no dia a dia. Fiz um exercício interessante, e clichê, brega ou qualquer adjetivo similar que você queira acrescentar, de anotar em um papel coisas boas que aconteciam, desde as pequenas até as grandiosas. Coisas como um almoço diferente, um livro, um filme, uma frase ou mesmo coisas mais pessoais e que somente eu saberia ao ler. Coloquei os bilhetes em uma lata e, tamanha minha surpresa ao lê-los, descobri que mais da metade deles remetiam às atitudes simples de pessoas que eu amava. Coisas que se repetiram várias vezes. Detalhes que colocaram um sorriso no meu rosto. A vida é muito mais que grandiosidades: é feita do universo de coisas pequenas, do tudo mais que existe em nós e que oferecemos aos outros.

Para finalizar este relato inconclusivo sobre aleatoriedades, encerro dizendo que já passou da hora da produtividade e eu provavelmente esqueci milhares de coisas. E que, de todos os presentes maravilhosos e cheios de sentimento que ganhei ATRASADOS, todos eles nesse meu aniversário, o livro que contém todos os meus textos publicados aqui foi o melhor deles. Suspeito dizer que foi o melhor presente que já ganhei na vida e que meu coração sempre se alegrará ao olhar para ele, ainda que eu não tenha chorado quando o recebi. Só consigo pensar que é impossível focar nos tempos ruins de 2015 quando os tempos bons foram imbatíveis. Quando sei que as amizades consolidadas aqui me trouxeram momentos que eu jamais imaginei. Quando o amor tomou conta e o vento da paz soprou.

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