domingo, 3 de abril de 2016

Sobre surpreender-se

Quando me diziam pra não criar expectativas e me deixar surpreender, eu realmente não acreditava que o sentimento seria tão bom. Quando me diziam que eu deveria me permitir ser mais feliz, eu não acreditava que poderia ser pra mim. Parecia egoísta da minha parte ser feliz em meio a tanto sofrimento, mas era aquilo que eu tinha pedido a Deus durante longos anos e esquecido jogado num canto do meu arquivo pessoal. Era exatamente tudo aquilo que eu tinha pedido em meio a muitas rebeldias de adolescente e calmarias de pré adulta.

Nunca tive bons olhos sobre histórias de príncipes, romances exagerados, declarações espalhafatosas e coisas do tipo. Fui me tornando muito cética em relação ao amor romântico desde que me contaram a história de Senhora, do José de Alencar (chata pra caraca com aquele exagero romântico característico do Zé).

Eu não estava em condições de me opor a uma mudança na minha vida: eu apenas aceitava cada uma delas de braços abertos.Veio a mudança mais inesperada dos meus dias desde a famosa engenharia. E veio com um sorriso nos lábios e flores nas mãos. Veio de mansinho, veio no tempo certo, veio pra aumentar o que já era grande. Não se enganem: essa mudança não veio de repente. Começou numa pesquisa rápida, numa piscadinha, num elogio na verdade dois! e em um radar atento que eu tenho para o que é raro. Continuou nos malabares, na fantasia, na brincadeira e no troféu de 1ST. Essa mudança teve concretização numa carona frustrada mal planejada COF COF e na desculpa mais esfarrapada da face da Terra pra começar um assunto. Então eu estava ali encarando tudo como quem realmente não acreditava que a mudança se encaixaria em minha tão conhecida realidade. Surreal!

Tudo aquilo que eu achava exagero encontrou um ponto certo, o doce não desandou. Acho que, no fim das contas, faz parte do amor a coisa toda dos grandes gestos, das palavras adocicadas e dos carinhos incontáveis que fazem quem anda desacreditado torcer o nariz para casais apaixonados. No fim das contas, são as mãos dadas que trazem suporte pro crescimento do sentimento. No fim das contas, a distância não importa muito mesmo... Quem diria?

Quando a semana acaba, encerro mais uma presunção em mim. Mais um julgamento cético cai por terra. Cada pessoa é um universo, cada amor é uma história. Conturbada, simples, leve, exagerada. Cada amor é um resgate. De dignidade, de esperança, de suavidade, de carinho. Cada amor é uma mudança. De rumo, de percepção, de atitude e de pensamento. Cada dia que passa faz o inacreditável parecer possível e aquele sonho arquivado parecer cada vez mais perto da realidade. E eu continuo aqui, em minha rebeldia de adolescente, declarando a plenos pulmões: por que não?!

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