segunda-feira, 16 de abril de 2018

Aquela retrospectiva atrasada (quase não rolou)

É estranho como ciclos se renovam na vida da gente. Na verdade, é magnífico. Sempre existe renovação à espreita, sempre há a chance de recomeçar e de corrigir velhos erros. Por vezes é exaustivo, é verdade, mas eu sempre precisei de novas chances. Atire a primeira pedra de 2018 quem nunca precisou.Tenho tanto pra dizer, contar de tanto que aprendi, de tanto que ainda falta aprender...

Em 2017 foi necessário ter muita paciência, afinal, não é todo ano que tem 3 finais de semestre pra te trazer aquela sensação de semi morte depois de cada prova e trabalho. 3 de janeiro e eu já estava lá, fazendo prova inclusive. Não me perguntem, eu não sei como deu certo. A cada tarefa entregue a gente jura que não vai mais aguentar fazer nada e que vai morrer ali mesmo, do lado de fora da sala de prova. Mas uma força, um motor sobrenatural te puxa pra cima e te faz focar de novo e terminar trabalhos às 4 da manhã. Você cria metas impossíveis e às vezes as cumpre. Quando não consegue só vai do jeito que conseguiu mesmo. E a vida segue mesmo assim, só percebi agora que completei todos os créditos de matérias e dia 20 de dezembro me faltaram o TCC e o estágio pra que as burocracias todas atestassem minhas habilidades de formanda em engenharia civil.

Vez ou outra a gente conhece uns professores decentes, que são como pais de jornada acadêmica pra você. Tive o privilégio de conhecer novos professores nesse último ano e mais ainda, redescobrir junto com alguns, a graça de lecionar. Apesar de começos cheios de nervoso, estresse e cansaço, redescobri mestres dentro de pessoas que só precisavam voltar a olhar os alunos como eles são: limitados, mas esforçados. Esforços esses (malditos esforços!) me renderam aprovações em matérias que eu jurava que seriam impossíveis. Quando se é mestre, é muito necessário olhar o trabalho de seus alunos com compaixão e atenção. Deus sempre me mostrou que esforço é recompensado, mesmo quando a pessoa que acredita em você nem é você. Deus me mostrou quão eficaz pode ser a oração para transformar meu próprio coração e olhar para o próximo com compaixão e sim, isso no ambiente acadêmico principalmente. Qualquer espécie de ranço ou ódio por atitudes questionáveis de mestres foi substituído por entendimento e quando era mais difícil mudar o sentimento, por compaixão. Afinal, todos nós erramos e temos momentos de fraqueza. Por vezes, a lição não é aprendida no meio da briga, mas no abraço que sobra no fim dela. Saio da presença dos mestres com o coração agradecido, leve e preparado para a jornada a seguir, encontrando neles o apoio da transformação profissional de uma garota que não fazia ideia do que era ser engenheira, mas agora vislumbra essa profissão. Não desistir em nada, ainda que pareça sem esperanças, foi a minha recompensa, o meu aprendizado na graduação em 2017. Não teria conseguido sozinha, mas os agradecimentos seguem em breve ainda nesse mesmo textão.

Também foi o ano de presenciar pessoas competentes demais entregando trabalhos de conclusão de curso que eram sensacionais. Ao mesmo tempo em que uma onda inexplicável de orgulho e gratidão invadiam o meu coração, outra onda de saudade e nostalgia batia e fazia de mim uma pessoa estranha, sem muita reação em relação a tudo que estava acontecendo. Mas nossa, como foi ótimo conviver com tantas pessoas maravilhosas durante esses 5 anos de graduação, ter encontrado minha família perdida, que foi suporte, apoio e colo. O meu TCC ficou pra 2018, pra ser terminado com calma, com cuidado. Esse sempre tinha sido o plano, de qualquer jeito.

Nunca fui uma pessoa fácil de lidar, tenho minhas mil limitações e nem todo mundo é capaz de entender e aceitar algumas delas. Por muitos motivos me entristeci com distanciamentos, me senti rejeitada, me senti triste de verdade. Apesar de muitas vezes eu ser o lugar onde as pessoas encontrassem descanso, tantas vezes era eu quem precisava parar. Era eu quem precisava de colo quando oferecia consolo para os outros. Felizmente, Deus sempre esteve lá. Ele sempre foi minha paz e me mostrou através de músicas bonitas, através de pessoas que me abraçavam do nada, através de inúmeras demonstrações de seu amor e de sua graça sobre mim.

Mesmo sendo essa estranha criaturinha desse mundo, em 2017 eu me despedi de 2 lares. Foram 2 mudanças sofridas em um único ano. Na metade de 2017, eu estava ali, dissolvendo uma parceria de quase 4 anos, uma parceria que tinha dado certo em inúmeras maneiras. Eu não simplesmente dividia apartamento, eu dividia os problemas da vida. E o peso diminuía. E eu fui colo, eu precisei de colo, eu perdi as contas de quantos brigadeiros com chocolate meio amargo foram feitos para incentivar ou curar qualquer coisa, desde provas até cansaços e corações partidos. Eu encontrei uma irmã perdida, ganhei família e inquilina irmã também (alô Amanda). Nosso apartamentinho vivia cheio de gente, cheio de vida, de trabalhos monstruosos sem fim e de euzinha dormindo e lavando louça. Nos dias de mudança, em que eu estava enlouquecida terminando trabalhos, nem deu tempo de relembrar tudo. Nem deu tempo de entender que aquele tempo ia ter fim e que uma das nossas se casaria dali uns dias. Mas agora, olho pra esses dias com a gratidão mais profunda que poderia ter, afinal de contas, foi um período de descobrimento e transformação mútua, onde a gente tinha tanta intimidade uma com a outra a ponto de conseguir dar as broncas mais sinceras e ter os papos mais malucos durante os horários de refeição. Deus foi bom comigo e me proporcionou outro lar, em um período bem curto de tempo, mas intenso de aprendizados e compartilhamentos também. Um lar onde eu aprendi que uma pia de louças pode ter poder pra te fazer começar chorar e é sério, tinha alguma coisa na água daquele lugar. Um lar onde eu tive conversas bem doidas, pontos de vista bem interessantes e carinho, acolhimento sem medida e, de novo, vivência de experiências similares com grande troca de figurinhas durante o processo. Eu só tenho a agradecer às meninas que me proporcionaram a evolução nesses dois lares. Meu coração já morre de saudades de vocês.

Em 2017 também aprendi que pessoas muito diferentes podem sim agregar visões interessantes pra sua vida, mas que é necessário tomar cuidado para não se perder em caminhos que não queria trilhar. É preciso ser grato pelos ensinamentos encontrados no meio das discussões e pela paciência agregada. Também é necessário perceber realidades das quais você não quer participar, máscaras que não quer colocar por já ter sofrido demais pra retirar cada uma delas em algum outro momento da vida. Não importa onde se vá, sempre há uma religiosidade travestida de amor. Não importa onde se vá, há gente oportunista. Não importa onde se vá, existe maldade. O que importa mesmo é ser capaz de trocar as lentes pelas quais se enxerga o mundo. Os sofrimentos envolvidos. A perversidade inerente a cada um, incluindo primeiramente euzinha. É extremamente necessário tentar entender motivos alheios e se eles forem balela, paciência. Às vezes a gente precisa ser egoísta pra ter paz. Às vezes a gente precisa desapegar da ideia de infância de salvar o mundo todo e de que eu seria capaz de transformar pessoas. Não. Não é minha a capacidade de transformar pensamentos, só o amor é. E ainda assim, não é o meu amor. O meu acaba sendo só um reflexo do maior amor do mundo. E eu aceito os erros alheios, as escolhas alheias e as consequências delas por que é necessário que eu aceite os meus primeiro e saiba da necessidade de perdoar, pra minha própria sanidade mental. No fim das contas, sobram textões meus pra esses casos. Sobram orações. Sobra amor, ou ao menos a tentativa dele.

Em 2017 cansei de prometer e não cumprir. Comecei aos poucos. Quando o estresse estava insuportável e eu precisava de algo para sustentar o meu corpo antes que ele não aguentasse mais, descobri que poderia caminhar na USP. Distrair as ideias e melhorar a vida. Não, eu não sou regrada. Não, eu não fazia isso todos os dias.
Aí o inverno chegou. e foi aí que descobri o aplicativo de ioga. Não adotei filosofias, só as "asanas", ou poses, e segui esticando meu corpo. Foi ótimo, consegui manter firme durante 3 meses quase todos os dias. Pretendo voltar, muito em breve; tenho certeza que o meu tapetinho está com saudades. Por fim, no quesito saúde, descobri um jeito inovador de comer salada. Quero voltar a fazer e comer mais saudável. Mas sabe, tem dias que só um hamburger com os amigos tem o poder de restauração da saude mental e do corpo também. (Esse processo tá no limbo desde dezembro. Não voltei a fazer ioga nem a comer salada de um jeito saudável. Desculpa mundo).

A quem interessar possa, 2017 foi sim o ano de celebrar o amor. No inesquecível casamento da amiga, que eu tive o prazer de acompanhar de perto, em relacionamentos cagados que acabaram, em momentos de clareza diante do que era amor e o que era oportunismo, em broncas infinitas e em momentos de carinho comigo mesma. Afinal, o amor próprio era necessário e por vezes eu o deixava de escanteio. No fim das contas, eu estava bem sozinha sim senhor, mas sentia aquela vontadezinha de viver um amorzinho desses leves, que colocam sorriso no rosto da gente e transbordam. No fundo sempre rolava aquela vontadezinha de viver um amor igual aos que foram celebrados em 2017. Eu não imaginava que viveria muito mais do que aquilo, tudo em 2017 mesmo.

No finalzinho do ano, tive a mais grata surpresa de todas. Contrariando as possibilidades, me apaixonei. Eu acho que nunca soube o que era isso de fato, por isso a demora enorme em me soltar, em admitir, em aceitar e compreender um sentimento de que não seria mais só eu. Passei muitos anos confortável em ser eu mesma, não sabia mais como encaixar alguém pra me acrescentar momentos agradáveis na rotina que eu trilharia a partir dali. Como nós dois já tínhamos tido nossas cotas de sofrimento com relacionamentos, aprendemos muito. E aprendemos juntos a cada dia. Eu acho o máximo quando digo que comecei a namorar dois meses antes de "me formar" e que ele mora a mais de 500 quilômetros de mim por que as pessoas me olham com cara de "vocês são doidos". A gente é mesmo. Mais doido de tudo isso é saber que eu posso contar com ele em qualquer momento, por que quando existem notícias boas ele é o primeiro a saber e quando existem notícias ruins ele é o primeiro que me acalma. Ele é o único que consegue me fazer chorar de saudade e alegria ao mesmo tempo. A rotina, o estresse, o trabalho, as outras pessoas e o passar dos dias não afetam o amor, só a distância que faz o toque e o carinho serem um pouco prejudicados, mas isso não importa tanto quando a gente sabe que um dia vai ter fim. Ele tem aprendido a ter paciência comigo e, pelo que sempre escrevi aqui, já se sabe que eu jamais imaginei viver isso. E se sabe o quanto eu sou grata por encontrar quem fosse capaz de transbordar alegria e gratidão na minha vida. Te amo gatinho.

Essa retrospectiva está atrasada faz uns muitos meses, mas está na hora de finalizar. 2018 tem sido um ano louco, com 6000 quilômetros rodados até agora e muitos deles trouxeram lições importantes que talvez sejam compartilhadas também. Acho que o restante das coisas que me aconteceram em 2017 já estão bem registradas aqui e muitas outras precisam ser deixadas pra trás mesmo. Olhando pra frente, tentando buscar otimismo pras mudanças acontecidas em 2018, me despeço com lágrimas (que não me deixam mais) e esperança no futuro, o resto a gente planeja e executa da melhor maneira possível.

Nenhum comentário:

Postar um comentário