domingo, 1 de julho de 2018

Meu relato de parto (do TGI)

ATENÇÃO: esse texto é apenas uma brincadeira minha em relação ao que muitos dizem a respeito do temido TCC (ou, no meu caso, TGI). Não quero de forma alguma ofender as mamães lindas desse meio virtual, apenas abordar um tema tenso de maneira leve. Dedico à todos que "pariram" um TCC, uma dissertação de mestrado e/ou tese de doutorado. Vocês são guerreiros. 


A necessidade de ser mãe começou 5 anos e uns meses atrás, quando venci o vestibular e perdi o medo de sonhar. À princípio eu não sabia o trabalhão que esse filho ia me dar, afinal de contas, a gente nunca sabe tudo até viver né?
Pois bem. Como todo processo de decisão, a futura mãe aqui foi atrás de opiniões.

"É, entrar na faculdade é moleza, quero ver sair!" 
"É, essa alegria é coisa de bixo novinho, com o passar do tempo essas gargalhadas diminuem" 
"É, o TCC é horrível mesmo, dá um trabalhão".

Mas, como na maioria das vezes, quis ser o maldito ponto fora da curva. Aquele que a gente olha e se pergunta "onde foi que eu errei, por que esse bendito tá aí?".
Eu poderia ter parido um TGI na área da sociologia, da produção, da administração ou até quem sabe da psicologia (um dia talvez esse filho também nasça). Mas o nome na lista já escolhia a especialidade do meu filho: engenharia civil.
As dores do parto vieram antes da concepção e tinham um nome muito distinto: departamento da matemática. A cada dor (ou prova) sentia que meu filho nunca ia nascer. A cada vermelho espalhado pelas folhas oficiais, parecia que ele estava mais longe de mim.
Enfim, contemplando luzes no fim do túnel, ao lado de amigos que encheram meus dias de gargalhadas sinceras e choros desesperados, ele começou a tomar forma. Eu me apaixonei por aquele tema tão complicado, misterioso e cheio de problemas. Mas aquele tema era o meu tema e eu era a desenvolvedora dele, foi amor de verdade à primeira vista.
Como toda futura mãe, imaginava meu filho muito robusto, com uma vida cheia de possibilidades e com a opinião forte. Com o passar dos meses percebi que não seria assim mas minha parteira orientadora me fez acreditar mais no meu filho, dizendo que ele tinha futuro sim, que eu encontraria o caminho para fazê-lo nascer. Muitas horas de conversa com ela foram fundamentais... E cada vez eu a deixava levando um sorriso e uma nova esperança. Um exemplo de ser humano com tantos filhos já paridos e tanta experiência no complexo assunto pelo qual me apaixonei.
Chegou o dia do parto e eu não estava nervosa. Um novo ponto fora da curva poderia me descrever. Eu já sabia tudo o que poderia acontecer, já tinha visto vários partos de TGI e TCC, uns mais calmos outros mais turbulentos, mas todos com finais felizes. Mesmo com a voz fora das CNTP, fiz a apresentação de toda aquela trabalheira que envolvia vários dias escrevendo, 2 monitores, 500 litros de café e muitas pessoas na torcida. A amiga mais antiga de graduação também estava presenciando o momento, toda feliz e morrendo de sono, me deixando feliz e aliviada por tê-la ali comigo. Minha arguição começou com uma pergunta peculiar e com histórias sensacionais sobre os objetos de estudo que tanto me dediquei. Parecia um dia no parque de diversão. Falando de merda, lógico. Afinal de contas, ninguém pensa no destino final das merdas literais que fazemos durante a vida (enquanto que as outras são constantemente lembradas). Mas aqueles 3 e eu pensávamos em soluções pra mau cheiro, pra lodo e pra novas ideias nas estações de tratamento de esgoto e, assim como as merdas subjetivas, concluímos que com os erros é que se poderia aprender pra poder consertar. Aquilo que eu esperava que seria uma eterna correção de erros ortográficos e técnicos virou uma conversa agradável (só faltou a cerveja e o pastel pra ficar melhor).
Meu filho estava parido. Recebendo as observações dos profissionais e, nesse caso, eles me ajudaram a escolher o nome dele. Eu não imaginava que ele seria perfeito. Estudo de caso de três estações de tratamento de esgoto com reator anaeróbio localizadas no Estado de São Paulo nascia. Pra minha felicidade, foi finalizado com 10, muito sorriso e descontração, contrariando todas as histórias de terror que eu ouvi sobre ele durante a graduação. Naquele momento todo o esforço e dedicação valeram a pena e comigo ficou a esperança de que a jornada estava apenas começando.

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