terça-feira, 21 de agosto de 2018

Direita e esquerda são dispensáveis quando se sabe o caminho

Salomão estava certo, por que, em tudo que há de novo no que vejo posso encontrar fios conectados ao que já aconteceu em algum momento da história.

Não interessa a ideologia que serve de pano de fundo se o que você defende desrespeita o direito de existir de qualquer pessoa. 

Não interessa qual é a cor da coleira que te puxa quando você está saindo do controle. 

Não interessa se a outra pessoa é um assassino confesso ou a Madre Teresa. 

Não interessa se ela se fantasia de justiça. 

Não interessa se o discurso é bonito e floreado. 

Mais pessoas do que eu poderia contar morreram por conta de uma ideologia narcisista mas me deixe te contar uma novidade: não foi apenas uma vez.

Somos idiotas. Teimosos. Não conseguimos aprender com nossos próprios erros.

Quando você entende que existem pessoas que funcionam de um modo bem parecido com o seu, não importa a cultura, a língua que falam nem o que elas fazem, é possível entender que você poderia ser qualquer uma delas. Com um milhão de diferenças culturais, de personalidade, de comportamento: você poderia ser essa pessoa. 

Essa pessoa que nega a existência de um deus. 
Essa pessoa que é devota a um deus.
Essa pessoa que sente raiva, que chora e ri, que se desespera e se sente sozinha. 
Essa pessoa que é arrogante, 
que vive em função de outros, 
que vive pra ganhar dinheiro 
ou que mendiga o pão nosso de cada dia. 

Quando você consegue perceber que qualquer um tem o direito de errar, fica fácil aprender com os erros, inclusive dos outros. E é aí que você percebe que, embora tenham significados distintos, por vezes as diferenças ideológicas se fazem sutis entre justiça e tortura. Entre restauração e estrago. Entre dignidade e depravação. É sua a responsabilidade de entender que existe um abismo gigantesco entre uma e outra.

É aí você percebe que uma ideologia por si só não vai dignificar ninguém.

Esquecemos de observar o equilíbrio na natureza e nos tornamos extremistas nojentos, não nos importando que, no fim do dia, o que sobra é mais um ser humano que parece inacessível.

O tempo todo me questiono sobre questões políticas. Afinal de contas, o que importa se eu sou de direita ou de esquerda? Importa mesmo qual a ideologia que me satisfaz se eu não consigo cumprir com aquilo que me proponho a fazer? Se eu não amadureci e continuo me comportando feito uma criança mimada? Se eu não me preocupo com os que ainda estão por vir? Se eu não respeito a mim mesma nem aos que estão ao meu redor? 

Aos que entendem de política, me perdoem. Eu nunca consegui enxergar coisas boas através do extremismo de ambos os lados. Eu nunca consegui enxergar o mais importante nessas filosofias: a verdade. Para mim tudo sempre foi e sempre vai ser uma questão de quem é capaz de dissimular melhor. Eu entendo que vocês possam ter ficado ofendidos, algumas das minhas convicções já foram questionadas, mas todas as vezes que isso aconteceu, eu parava para me questionar também. O mais importante continua sendo a coerência e o respeito nas relações, principalmente se tratando de opiniões.

Lutamos tanto por entender os pormenores da nossa existência e função na sociedade e esquecemos que quando a gente sabe o caminho não precisa ficar prestando atenção nos conceitos de direita e esquerda na trajetória. Quando a gente entende quem é, de fato, o inimigo, a luta é mais efetiva. Quando a verdade se pronuncia não há mentira que se sustente. 

Infelizmente, sigo sem entender de política. Infelizmente, sigo me lamentando pela história.

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