sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Uma retrospectiva cheia de conselhos não solicitados

O texto clássico de Natal não veio (considero o de aniversário o anterior), confesso que estou muito desapegada do mundo virtual. Sei que o bebezinho da manjedoura deu seus sorrisos e seus choros junto comigo durante o ano que passou e que continuará guiando minhas decisões e caminhos conforme eu continue me movendo.

A lição principal de 2018 foi para que eu continuasse me movimentando.

Antes que arrumasse estágio estava sem saber como seria o ano todo, mas estava me movendo. Mandei currículos por todos os lugares onde fosse possível (e onde talvez nem fosse). Eu precisava me movimentar. De repente, surgiram escolhas e em um mês eu estava em outra cidade, trabalhando em uma obra gigantesca, poeirenta pra caramba, louca e em uma cidade que nunca tinha ido. Descobri os poderes do Uber e da marmita. Gastei mais com Andorinha, Empresa Cruz e LiraBus do que com o aluguel. Mas novamente: cantem uma canção de alegria ao inventor da máquina de lavar roupas. Eu estava me movendo (no começo do ano muito mais lentamente do que agora no final).

Também em 2018, na verdade em 2017, tomei a melhor decisão de toda a minha graduação na escolha do tema do TCC e da minha orientadora (um dos meus modelos pessoais de sucesso profissional e de integridade). Uma confissão é que sempre amei secretamente o tratamento de esgoto e cara, nunca tive vergonha de dizer que meus olhos brilhavam por isso. Enquanto muitos torciam o nariz pro cheiro, eu estava lá, fascinada com aquela coisa estranha, fedida e preta que saía do tratamento transparente... era como mágica. É claro que cada um tem uma preferência e um brilhar de olhos pra temas diferentes: essa é a graça do mundo. Demorar um ano e meio amadurecendo uma pesquisa completona sobre o tratamento de esgoto no Brasil e sobre as estações escolhidas me fez tão feliz como não me sentia em relação à graduação em muito tempo (talvez desde que eu tenha entrado na faculdade, na verdade). Depois de muito esforço, algumas madrugadas e exaustivas revisões, ele ficou pronto, lindão e tinha sido meu maior orgulho até então. Foi o meu 10 (dos poucos) mais bem saboreado da graduação. Merecido, modéstia à parte. No fim, me formei. O diploma tão sonhado ainda está sem ser pego, mas já conquistado. Sou muito grata, aprendi demais e talvez eu tenha plantado mais um sonho no coração, o do mestrado, adiado por agora, mas não esquecido.

Por falar em esforço, a vida de estagiária também me ensinou muito em 2018 e a primeira foi que estagiário nem é gente. Brincadeira! Mas, se eu puder dar conselhos aos tantos estagiários despreparados desse meu Brasil, é que vocês tenham sede de aprender. Se destaca, cara! Mostra que tem interesse, que tem vontade e que quer fazer e acontecer, ainda que seja um estágio que você não esteja tão a fim no começo. A gente ganhou uma mania chatissima de não saber mais o que quer da vida e de desdenhar as oportunidades que aparecem. Descobre. Testa. Mas dá tempo pra testar. Saiba que se quebrar você pode consertar, se tiver chato sempre pode melhorar, mas se ficar insuportável, cai fora. Não aceita desaforo de chefe mala mas não ache que você é o chefe e que sabe mais que todo mundo. ACREDITA EM MIM, você vai passar por todas essas fases. Você vai chegar em casa alguns dias com vontade de chorar e em outros se sentindo o cara mais importante da firma, faz parte do processo. Foca no seu objetivo e vai, aprende o máximo que puder, afinal, é o seu futuro. Meu estágio não era com o que eu sempre sonhei, mas fiz o melhor que podia onde estava e fui contratada. Seguimos trabalhando em projetos imensos, de longo prazo, quebrando a cabeça pra buscar soluções para os problemas mais esdrúxulos que se possa imaginar e olha... dá pra curtir e sentir aquele orgulhinho como no TCC. Acredita no seu potencial e se esforça por isso. Saiba a hora de parar, mas dê seu melhor. Os resultados podem ser incríveis.

O movimento continuou em minha vida quando eu atrasei todas as minhas séries e, além disso, parei de acompanhar os lançamentos do cinema. Mas aqui venho com menção honrosa pra The greatest show, Black panther e Westworld (nunca sei as traduções dos títulos e se você não aprendeu inglês ainda, tá perdendo tempo). Foram filmes que assisti mais de uma vez e que realmente amei por serem lindos e terem histórias incríveis e uma série que acabou rapidinho por conta de assistirmos, meu namorado e eu, 3 ou 4 episódios por noite. Fora isso, fui num ritmo bem mais lento do que o de costume com as séries e os filmes e passei a acompanhar canais muito bons (e muito inúteis) do YouTube, criando aquele equilíbrio maravilhoso entre o aprendizado e o recreativo. Testei receitas (menção honrosa pro bolo de caneca, brigadeirão e yakisoba), criei planilhas de gastos e aprendi MUITO sobre minha relação com o dinhero, sobre relacionamentos e como melhorar a minha autoestima. Aprendi pra caramba sobre minimalismo, aliando essas ideias com outras sobre dinheiro, esforço pessoal e felicidade. Pela primeira vez na minha vida eu tinha um plano sobre o entulhamento de tranqueiras na minha vida. E o plano era bem simples: dizer tchau pra cada uma, devagar, mas de maneira constante.

Desentulhei meus cosméticos e hoje todas as minhas maquiagens cabem em uma caixa de 30x10cm. Pra quem me conhece sabe quão grande é essa vitória! Sigo na busca de ter apenas UM produto do mesmo gênero aberto e em uso, afinal eu tenho uma cara e ela precisa de um protetor solar só. Tenho 10% dos esmaltes que tinha em 2016/2017 e não sinto falta de nenhuma cor. Meu maior orgulho veio esse ano, quando contei meus pares de sapato e vi que TODAS as minhas roupas cabem em um armário de duas portas de correr. Só guardei o que servia, o que eu realmente uso e gosto. Não tenho mais as famosas "roupas de praia", afinal, eu nem vou pra praia todo ano. Caso surja a oportunidade, vou precisar comprar uma roupa de banho, mas isso é só por que as minhas já não me serviam mais. O fato das roupas não servirem mais foi só uma desculpa pra que eu desentulhasse. O peso extra me trouxe sensações diferentes durante esse ano, quando eu não ligava por ele estar ali e até me sentia bonita por ter curvas agora mas ao mesmo tempo sabia que estava comendo só porcaria e fazendo zero exercícios e isso me fazia mal. Pra 2019, tentaremos voltar à programação normal e comer muita salada durante a semana, deixando os xburge pra sexta ou sábado. Uma coisa é certa: me prefiro com curvas do que sem elas.

Mas no fim das contas, como lidar com o dinheiro acabou sendo uma das minhas lições mais proveitosas de 2018. Aprendi que o dinheiro não é um problema quando se tem estratégia. E aprendi que dá pra ganhar dinheiro fazendo absolutamente nada e digo mais: dá pra aprender como no YouTube. Ainda não cheguei nessa fase, mas estou me movendo pra ela. Investimentos não são monstros que vivem debaixo da cama e muito menos coisa de gente riquíssima que só anda engravatada. Se você não se controla nem se planeja sobre o seu dinheiro, estabelecendo prioridades, nunca vai alcançar seus sonhos mais doidos. E cara, não sei você, mas eu tenho uns sonhos doidos. Ainda bem que tenho incentivo o suficiente pra continuar aprendendo e crescendo assim. É um mundo novo, é sair da mesmice é se tirar do médião. É aguentar muita pancada, cair e levantar todo dia, negar DIARIAMENTE aqueles "agradinhos" traiçoeiros de shopping que te trazem um total de zero felicidade e te mandam mais longe das metas de vida. Se eu pensar duas vezes sobre uma compra, não faço. Aí também entra o minimalismo. Se não é absolutamente necessário não vai levar meu dinheiro suado embora. Comecei a pensar mais sobre o dinheiro que vai garantir minha aposentadoria no futuro (a gente não vai poder depender de aposentadoria do INSS não, moçada, abre o olho). Dinheiros à parte, é uma libertação entender que dá sim pra viver uma vida bacana sem se privar das coisas, apenas se adaptando ao contexto. Classe média sofre sim, grande parte por falta de educação financeira e falta de incentivo pra buscar novas fontes de renda. Resumidamente, quem quer arruma um jeito, quem não quer arruma uma desculpa. Eu vivi o ano de 2018 com salário de estagiária, pagando moradia e gastando meio aluguel por mês pra ver meu namorado em Presidente Prudente, comendo muita marmita e ainda assim conseguia fazer uns roles diferentes de vez em quando. É tudo questão de prioridades.

Se você é mulher e está lendo isso, saiba que não deve depender de ninguém, especialmente financeiramente. Eu tenho certeza de que você já se reinventou, de que mudou a cor do cabelo, o corte, a roupa e atitude várias vezes durante a vida. Se mexe pra não depender de ninguém emocionalmente ou financeiramente falando. O primeiro passo é garantir que você consegue se sustentar caso dê merda. Eu sei que nem todo mundo tem a oportunidade de ouvir isso quando começa a se relacionar, mas dependência não é motivo pra continuar namoro. Medo de mudança também não. Chantagem e ciúme não são os principais pontos que você quer que estejam na sua mente quando você lembra da pessoa que quer dividir a vida com você. Então te vira linda! Você é muito capaz de sair dessa dependência, pegar suas coisas e cair fora, ou ainda, de pedir ajuda quando necessário. Toma posse da sua vida, não dá ela pros outros não. Fica em um relacionamento por que a outra parte te ama, te quer ver feliz e te valoriza. Fica num relacionamento que te impulsiona pra frente, onde te dizem diariamente o quão incrível você é, mas que também te dê umas broncas quando você tá sendo preguiçosa. E quando eu digo relacionamentos, se incluem amigos e família. Meu destralhe também foi um grande pé na bunda de companhias que só sabiam criticar sem conhecer minha realidade. Parei de abrir minha vida para quem não fazia diferença em prol da minha sanidade. Mantive amigos que estão longe, mas que amo. Tenho pessoas lindas na minha vida pra me acolher.

Conforme eu ia deixando de lado o apego pelas coisas materiais que não me serviam mais, através do minimalismo, e aprendendo que o trabalho e o dinheiro são uma ferramenta, não uma prisão; a mensagem do meu Cristo, meu primeiro grande amor, começava a fazer mais sentido. E o amor se tornou claramente (e novamente) o que eu tinha de mais valioso. Encontrar (na verdade ser encontrada por) um amor que me incentiva a ser melhor, que me cobra, que me dá bronca (com seu jeitinho grosso de ser) mas que também está do meu lado em qualquer treta ou sorriso e que me enche de beijinhos e abraços absolutamente necessários foi um sopro de ar fresco no meu ano. Entendi que o amor não se interessa sobre os 10 quilos a mais, mas sim sobre quais as desculpas esfarrapadas que dou para não me exercitar diariamente. Entendi que o amor quer estar envolvido, quer fazer planos. O amor quer aproveitar cada momento, desde a lavagem da louça até aquelas declarações melosas. O amor simplesmente quer estar junto, crescer junto, te incentivar a comemorar nas vitórias e a começar de novo nos fracassos. Eu só posso agradecer por ter sido encontrada (duas vezes!) por amores tão lindos. Espero vivê-los dignamente, correspondê-los e me tornar uma pessoa cada vez melhor para plantar sorrisos nos rostos deles.

Por último, mas não menos importante: entendi, de uma vez por todas, que o glamour do instagram é mentira. O sofrimento existe e ninguém está imune a ele. Meu conselho sobre isso é que você dê unfollow sem dó. Se não te faz feliz, se não te faz aprender, se te faz querer comprar feito uma doida, se não te acrescentar e se te faz sentir um lixo ao ver: DÁ UNFOLLOW. Continue se movimentando. O sofrimento existe, mas o movimento também. A vida acontece e vai se modificando, tudo é passível de mudança. Lembra disso e segue. E um feliz 2019 pra nós, que somos da luta, fora da caixinha e resilientes. A nova jornada está só começando.

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