domingo, 22 de março de 2020

O que nos faz humanos em tempo de pandemia (e umas dicas)

A cada dia as informações sobre a pandemia são bombardeadas em nossas telas, trazendo diversos sentimentos e reações pra cada um. Quando a doença era algo local, escondido do outro lado do mundo, nós estávamos vivendo normalmente nossos dias acelerados e rotinas malucas. Hoje podemos observar o mundo parando, pouco a pouco, diante de uma ameaça invisível. Os mais frágeis entre nós temem, os mais fortes começam a entender o que significa responsabilidade social e, enclausurados, começamos a refletir sobre o impacto dos indivíduos diante do todo. Hoje, o que nos faz humanos nos une. Quando descobrimos que, nos primórdios da humanidade, uma ossada tinha um fêmur curado, podemos entender que os conceitos de proteção, empatia e cuidado já estavam inerentes ao ser humano desde então.

Mesmo em meio a tantas notícias tristes, como humanos, o aprendizado em tempos difíceis é importantíssimo. A capacidade de planejamento e resolução de problemas deve nos guiar em meio a tempos de crise. Ainda que existam pessoas que não recebam informação, não recebam informação correta ou ainda compartilhem informação falsa, a grande maioria escolhe se conscientizar e cuidar uns dos outros: por isso ainda estamos vivos. Pessoalmente, acredito sim, que existem mais pessoas que, em essência, são boas, do que ruins. Em meio a um mar de brigas por álcool em gel, em meio às dificuldades econômicas, em meio aos supermercados vazios e com a empatia em falta também, acredito que os que se conscientizam são a maioria. Os que ajudam seus vizinhos são a maioria. Os médicos, enfermeiros, pesquisadores e inclusive os faxineiros dos hospitais que se doam e trabalham sem parar nesses dias são a grande maioria.

Nesse momento, o que nos faz humanos, está sendo negado em prol de um bem maior. Negamos o contato, o abraço, o beijo, o carinho, o acolhimento para proteger os mais frágeis entre nós. Não é fácil negar nossa natureza, mas hoje, se torna necessário. Olhar com empatia para os profissionais da saúde e entender que é minha a responsabilidade de amenizar o ritmo de serviço deles é o que nos faz humanidade.

Nesse momento, aprendemos a diminuir o ritmo. Aprendemos que, sem a nossa influência, a natureza sempre busca seu equilíbrio. Aprendemos que ficar em casa pode ser mais difícil do que parece por desaprendermos a sossegar. Aprendemos que, a música, mesmo em sacadas de janelas, também nos une e, muitas vezes, é um símbolo de resistência e de confiança em momentos de crise. Aprendemos a importância do conhecimento, do entretenimento e até mesmo de redescobrir novos hobbies. Aprendemos a importância do planejamento financeiro e de uma reserva de emergência. Buscamos o conforto e acalento nos meios virtuais, tão presentes em nossa vida cotidiana.

Agora, pessoalmente, flutuo diariamente entre notícias boas e ruins, mas venho trazer minhas humildes experiências.

Aos que frequentam uma igreja, ou mesmo os que tem algum tipo de preconceito, agora é a hora de assistir as transmissões e descobrir como cada uma funciona para fugir dos noticiários e buscar esperança. Estou muito feliz sobre o funcionamento da minha amada igreja, que já no começo da semana, suspendeu todas as atividades presenciais e que tem transmitido com excelência os estudos e cultos, incluindo para as crianças também. São momentos que geralmente posso acompanhar e estou aproveitando bastante. A conscientização e a busca por compartilhar apenas notícias verídicas no grupo também me traz muita alegria. A responsabilidade social das comunidades religiosas é muito grande nesse momento e eu não poderia estar mais feliz com a maneira como a minha tem conduzido seus membros.

Aos que fazem aniversário por esses dias e estão se sentindo tristes por serem impedidos de comemorar, tenho uma experiência. Em um dos anos da faculdade, sabe-se lá por que, eu passei meu aniversário sozinha por todos estarem atolados de atividades acadêmicas. Foi bem triste, mas, como tenho amigas fofas demais, quase um mês depois, brotaram várias amigas em casa, com bolo e um dos presentes mais significativos da minha vida e foi INCRÍVEL. Dá pra comemorar depois né. Dá pra fazer altas lives pela internet com os amigos no dia e já começar a planejar a festança pra daqui uns meses. Inclusive, hoje é aniversário de um amigo e do meu irmão e amanhã é o aniversário do meu mozão. Infelizmente, tá todo mundo trancado em suas respectivas casas e a comemoração, os abraços e os beijos vão ficar mais pra frente, mas o amor continua.

Por falar em amor, aos que namoram, mas estão distantes dos seus respectivos mozões: namoro à distância a quase 2 anos e meio. Já tenho uma experiência no assunto e posso ajudar, mas segue aí o básico: COMUNICAÇÃO e CONFIANÇA. Eu não duvido que esse período vai abalar muitos relacionamentos, tanto pra quem está confinado na mesma casa, quanto quem está longe, por falta desses dois aspectos fundamentais de qualquer relacionamento. Façam chamadas de vídeo pra amenizar a saudade, assistam filmes e séries juntos e em tempo real e se conversem. Pode ser um tempo precioso pra se desenvolverem.

Por fim, mas não menos importante, aos batedores de perna, que estão surtando por ficarem dentro de casa, vamos agradecer um minutinho por estar protegidos em casa né? Inventa algo que você faria fora de casa aí, tipo ver um filme no cinema, comer uns petiscos no barzinho. Organiza sua vida financeira (tenho planilha e posso ensinar), estuda inglês (também posso ensinar) em plataforma gratuita, aprende a tirar sobrancelha, aprende a fazer a unha, borda, pinta, limpa a casa ao som das suas músicas preferidas, escreve, toma banho de mangueira, aprende a cozinhar uma receita gostosa, faz aquele curso online que você está postergando, arruma os armários e etc. Tem um milhão de coisas possíveis de serem feitas no conforto da sua casinha e, digo mais, outras milhões que podem ser feitas na frente da tela com a bunda confortavelmente colocada no sofá, na cama ou na cadeira. Também deve ter um espacinho aí que você pode estender um tapetinho e fazer uma yoga com aplicativo (recomendo bastante).

O que nos faz humanos em tempo de pandemia são a empatia, a esperança e o planejamento. Sejamos sábios para depositá-los nos lugares certos.

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