quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Recolocação profissional?

Eu nunca gostei muito do termo "recolocação" profissional. Sempre me pareceu tratar o funcionário pura e simplesmente como um recurso, que pode ser alocado como bem se entende. Por um lado, sim, somos recursos, mas por outro lado, existe uma pessoa ali, cheia de expectativa e emoções, que, por maior controle e inteligência emocional que se tenha, ainda sente e respira como qualquer um.

Minha primeira experiência de demissão (espero que seja a única RISOS) aconteceu em uma sexta feira, foi bem horrível. Final de semana todo planejado já, sim senhor, eu estava prestes a viajar pra Prudente, felizmente. Foi a pior viagem de ônibus da minha vida - pior até do que a que o ônibus quebrou na esquina do destino final e da que eu vomitei por 2 horas antes da chegada. Desde então, a gente se vira como pode né? Faz um freela aqui, um serviço part time ali. Descobre aquilo que sabe e que pode ensinar e vai. No meu caso, eram o inglês e o planejamento financeiro. Eu sempre estava com um olho no peixe e outro no gato. 

Perdi as contas de quantos processos seletivos participei e muito mais de quantos currículos enviei em um ano e meio transitando entre carreiras, me virando nos 30 ao longo desse ano maluco. Aprendi que, infelizmente, QUALQUER resposta em relação ao seu contato é sempre a EXCEÇÃO. A maioria das empresas, mesmo as que te chamam para uma entrevista presencial (que convenhamos, hoje em dia, poderia ser feita online), não te dão retorno em caso de negativa. Mesmo em casos de retorno positivo, às vezes, demora tanto pra acontecer que você já está em outro trabalho.

Depois de um tempo, confesso que fiquei irritada com esse comportamento quase que padrão dos departamentos de contratação ou empresas terceirizadas de contratação. Já não esperava mais resposta de nada e seguia vivendo minha vida. Quando me chamavam para entrevistas sem falar sobre pretensão salarial e eu perguntava, era sempre a mesma coisa. Em uma das últimas entrevistas que fiz, que exigia a FORMAÇÃO em engenharia ou em arquitetura, o valor de contratação não dava 2 salários para trabalhar horário comercial. Isso não aconteceu uma só vez, foram várias. De saco cheio que estava, indignada com o cenário, soltei um "esse valor eu faço trabalhando em casa, em horários mais flexíveis". Rapaz do céu, quando vi já tinha falado. Acredito que a empresa dessa entrevista gosta do termo "recolocação". Óbvio que a Maria não me retornou o contato depois dessa.

Mas, felizmente, existem exceções. Confesso que não me recordava mais da inscrição para a vaga e recebi uma ligação no meio da manhã para uma entrevista online em uma empresa que admiro bastante desde antes de me formar. O tratamento com os funcionários e nos canteiros de obra sempre foi muito responsável. Cartas na mesa, jogo limpo. A ansiedade bateu fortíssimo, desde a minha formação eu queria ter a oportunidade de trabalhar com infraestrutura, sou Urbana desde antes de descobrir que meu curso tinha essa divisão. Benefícios e salário justos, adequados ao mercado e a possibilidade de trabalhar remotamente. Is this real life?

Depois da entrevista técnica, em uma sexta feira, novamente com viagem programada, umas duas horas antes da partida, recebi a proposta para contratação. Dá pra imaginar que a minha viagem foi bem diferente da outra né?

Desafios diferentes vão me esperar lá na frente, novas perspectivas sobre obras, sobre trabalho remoto, presencial o que vier. Se tem uma coisa que 2020 me ensinou é que tudo pode mudar, se ajustar, se reinventar. E de uma hora pra outra também. Então, a recolocação mais importante agora é a da jornada. E certamente, ela vai acontecer várias outras vezes...

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