domingo, 8 de novembro de 2020

O que aprendi em 3 anos de relacionamento

Aprendi que minha linguagem do amor preferida é a palavra mesmo. Gosto de falar e escrever pra demonstrar sentimentos, angústias e toda a bagunça que mora dentro de mim. E esse é um dos muitos aprendizados - por que o Paulo fala outra língua completamente diferente na minha. E o tradutor no relacionamento é você mesmo, que se vire nos trinta o outro pra te entender quando você demonstra descontentamento, quando está cansado ou quando está sendo carinhoso. Demorei pra entender que estar em silêncio para ele é paz. Pra mim, a paz é a conversa sincera dos jantares, dos cafés, a velha e brega brincadeira de tentar adivinhar as histórias dos outros e dar risada com as crianças sendo... crianças. Enquanto não for ilegal, esse vai ser meu momento de pura alegria. A cumplicidade faz tudo ser mais divertido.

Aprendi que estar longe só potencializa os sentimentos. Não tem hipocrisia por aqui não: ficar 3 meses sem se ver pessoalmente é horrível. É chorar de saudade dia sim dia não, é achar que o tempo à distância foi "perdido". Mas amor é investimento - aprendi com uma psicóloga muito querida -  e geralmente, investimentos têm retornos mais interessantes quando pensamos no longo prazo. Com visão de curto prazo, parece mesmo perda de tempo. A distância potencializa o amor, o ciúme, a saudade, a esperança. Tudo fica sob uma lente de aumento e é sua responsabilidade aprender a lidar com isso. Se você não está disposto a lidar, nem vale a pena tentar. Pode ser que a distância potencialize as diferenças também e, talvez elas sejam tão grandes e tão expressivas, que não seja mais possível continuar. Felizmente, pra nós, a distância potencializou - e muito! - os sonhos em comum. A visão de longo prazo nesse investimento chamado relacionamento também se potencializou. O que são 3 anos diante dos próximos 20, 25 anos?

Aprendi que amor é escolha. Diária. E não se engane: amor não é sobre você. A maior satisfação de um relacionamento é ver o outro feliz e não ser feliz. Ser feliz é consequência - e consequência necessária. Amor é escolher junto com o outro. É escolher ceder algumas vezes. É escolher se mostrar vulnerável para alguém que vai ser colo, não julgamento. É escolher estar junto de alguém que te permite melhorar todos os dias e ainda mais - alguém que te impulsione a ser melhor. Não é nada fácil andar sozinho, mas estar acompanhado, além de não ser fácil, é escolher todos os dias. É abandonar o egoísmo, não a sua individualidade. Escolher estar em um relacionamento não me completa: me transborda e impulsiona. Ainda sou um amontoado de sentimentos malucos e dúvidas enormes, ainda me basto, mas preferi não caminhar sozinha e compartilhar minha loucura com uma pessoa igualmente vulnerável e que também poderia perfeitamente se bastar por si mesmo.

Mas também aprendi que amor é casa - e casa é, ou deve ser, lugar de descanso. E que delícia entender que na sua casa você pode andar de pijama, cabelo enrolado num lacinho e pé descalço. Enquanto o amor amadurece, a casa fica cada vez mais vivida e cada vez menos parecida com capa de revista. Não interessa se o seu sofá tem a cor tendência do ano: a gente só quer saber se ele é confortável pra poder deitar e ver um filminho. Relacionamento também é casa, a gente desarruma de vez em quando, derruba paredes, compra uma toalha nova pro banheiro. Lá dentro a gente se arruma pra sair e enfrentar o mundo, se pinta de guerreiro e casca grossa mas sempre volta pra poder chorar e desabafar em paz. Não há nada como a nossa casa - e não há nada como ter alguém pra ser seu lugar de confiança, paz e descanso.

O que aprendi não chega nem perto do que ainda vem por aí, mas o meu primeiro desejo pra esse relacionamento permaneceu: leveza. Passamos por algumas barras pesadas com tanta leveza que quase não consigo acreditar. E só desejo que, no meio desse mundo doido e de constante mudança - graças a Deus! - você encontre leveza também. Eu tive a sorte de um amor tranquilo... que transforma tédio em melodia todos os dias.

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